Até o ano de 2020, em aproximadamente quatro anos, cerca de 80 milhões de pessoas deverão ser afetadas pelo glaucoma, em todo o mundo, de acordo com a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS).
No Brasil, um milhão de pessoas são portadoras da doença, sendo 2% dos brasileiros acima dos 40 anos e 6% dos acima de 70 anos. E ela já é a segunda principal causa de perda total e irreversível da visão em adultos – atrás apenas da degeneração macular senil, que é a afecção da mácula, estrutura no olho situada na retina, importante no processo de captação da imagem (visão central) e relacionada ao avanço da idade.
O glaucoma refere-se a um grupo de doenças oculares que provocam danos irreparáveis no nervo óptico. Este, por sua vez, é o nervo que carrega as informações visuais recebidas pelo olho até o cérebro.
O dia 26 de maio é a data marcada para lembrar a doença, que pode ter um nome pouco comum para a maioria das pessoas, mas que pode levar à cegueira se não houver um diagnóstico precoce, além do tratamento adequado.
Segundo a oftalmologista Theresa Ferro, especialista em glaucoma, o principal fator de risco para o acometimento da doença é o histórico familiar. “Quem tem mais de quarenta anos e tem pessoas na família com o glaucoma, precisa procurar um oftalmologista. O glaucoma é uma doença traiçoeira, pois na maioria das vezes não apresenta sintomas. E esse é o nosso principal temor. Por isso, é importante fazer consultas periódicas para que o problema seja diagnosticado e tratado a tempo”, aconselhou.
Outros fatores de risco
Pressão intraocular elevada; idade acima dos 60 anos ou acima dos 40 anos, para o caso de glaucoma agudo; afro-americanos são mais propensos a desenvolver glaucoma do que pessoas caucasianas, principalmente os acima dos 40 anos de idade; problemas cardíacos, hipertensão e hipertireoidismo também podem levar à doença; doenças no olho, como alguns tumores, descolamento de retina e inflamações, aumentam o risco de glaucoma; fazer uso por muito tempo de medicamentos à base de corticosteroides.
De acordo com Theresa Ferro, o tipo mais grave de glaucoma é o de ângulo fechado. Ele ocorre quando a saída do humor aquoso é subitamente bloqueada. Isso origina um aumento rápido, doloroso e grave na pressão intraocular. Casos de glaucoma agudo são emergenciais, bem diferentes do que ocorre com o tipo crônico da doença, em que a pressão ocular desenvolve-se lenta e silenciosamente e, aos poucos, vai danificando a visão. “Os casos mais graves envolvem cirurgias e tratamento com medicamentos. Mas é importante ressaltar que um paciente que tenha glaucoma em estágio avançado, ele não vai ficar curado. Mas a doença vai ficar estagnada no momento em que ele fizer a cirurgia. Existe muita desinformação em torno do glaucoma. Muitos até confundem com cataratas, mas são dois problemas distintos”, explicou a oftalmologista.
Causas do glaucoma
O aumento da pressão dentro do olho (pressão intraocular) é geralmente, mas nem sempre, associada à lesão do nervo óptico, que caracteriza o glaucoma. Esta pressão acontece devido ao aumento de um líquido chamado de humor aquoso, que é produzido na parte anterior do olho ou por uma deficiência de sua drenagem através de seu canal.
Quando há um bloqueio desse fluido do olho, este provoca o aumento da pressão ocular. Na maioria dos casos de glaucoma, essa pressão está elevada e provoca danos no nervo óptico.
A doença também pode acometer crianças, embora elas não manifestem nenhum tipo de sintoma. Crianças podem vir a apresentar glaucoma congênito de evolução tardia que acontece nos primeiros anos de vida ou glaucoma juvenil que surge geralmente aos quatro ou cinco anos de idade. Mesmo não havendo sintomas, as crianças podem sofrer danos no nervo ótico também.
Sintomas de Glaucoma
Os sintomas de glaucoma costumam variar de acordo com o tipo da doença.
Glaucoma de ângulo aberto: muitas pessoas não apresentam sintomas até o início da perda da visão.
Glaucoma de ângulo fechado: os sintomas podem ser intermitentes no início ou piorarem prontamente; dor grave e súbita em um olho; visão diminuída ou embaçada; náusea e vômito; olhos vermelhos; olhos de aparência inchada.
Glaucoma congênito: os sintomas costumam ser notados quando a criança tem alguns meses de vida; nebulosidade na parte frontal do olho; aumento de um olho ou de ambos os olhos; olho vermelho; sensibilidade à luz; lacrimação.
A oftalmologista Maria José Cardoso Ferro reforçou a importância de procurar um profissional da área de oftalmologia para diagnosticar problemas de visão, mas também ressaltou a necessidade da ética profissional na hora de atender o paciente. “Precisamos ser éticos com os nossos pacientes, fazer uma consulta minuciosa e indicar o tratamento adequado para cada um. Costumo dizer que além do lado profissional, tenho o dever de revelar o meu lado cristão. Sem ética e sem os conceitos cristãos não conseguiremos ser bons profissionais. Um trecho da oração do oftalmologista diz que ‘Ó, Deus, mil graças te dou porque me confiaste a gratificante missão de restituir a felicidade de ver a tantos que haviam perdido a alegria de viver’”, finalizou a médica.