A situação da educação em Palmeira dos Índios é deplorável e não é um quadro novo. Enquanto os vereadores reúnem-se em assembleia, com ar-condicionado e água, café e lanches, e os secretários e prefeito e vice-prefeito lidam com “urgências” municipais, crianças e adolescentes estão sendo fritos em salas de aula e bibliotecas que mais parecem saunas – com um teto baixo e usando telhas da marca Brasilit, produzidas com amianto – todos os dias. Aliado ao calor insuportável tem-se a falta de água potável para os estudantes e a falta de merenda escolar. Para a zona rural ainda existe o problema das péssimas condições de acesso às escolas.
Temos, agora, o problema de falta de água e que não justifica que a prefeitura e a secretaria de educação deixem crianças à mercê de doenças transmitidas por água contaminada – uma vez que é comum saciar a sede das crianças com água salobra – ou deixa-las simplesmente sedentas. Não há justificativa para deixar os estudantes sem merenda.
O governo municipal tem verba para promover “reformas” milionárias em praças que nunca são entregues no prazo e para promover palestras desnecessárias, mas não tem recursos para promover uma educação de qualidade para o povo. A gestão atual já pegou o barco andando, é verdade, no entanto, não pode alega que o problema é só da gestão passada – o problema e de todos os que assumem a responsabilidade pela governança da cidade.
E por falar em prefeitura é bom deixar claro que os problemas existem e persistem por culpa, em grande parte, pela omissão da secretaria de educação e pela ação covarde de muitos diretores de escolas que preferem maltratar as crianças com sede, fome e condições ambientais [da escola] imperdoáveis apenas para manter o status quo, sob alegação de que são perseguidos e exonerados da função caso denunciem a desumanidade a qual são submetidos os filhos dos cidadãos que elegeram prefeito e vereadores.
Uma gestão educacional municipal que persegue seus funcionários por procurarem melhorias na escola ou que mantém servidores que preferem manter o status quo em detrimento do bem-estar do povo não pode ser considerada lícita ou dentro das normas aceitáveis da ética e da moralidade.
Os vereadores, secretários de educação, cultura, infraestrutura e transportes, prefeito e vice-prefeito e Ministério Público Estadual devem sair do conforto de seus gabinetes e observar, in loco, a tragédia que é a estrutura física da educação de Palmeira dos Índios. Porque quando se trata dos filhos destes, em escolas particulares, até o trânsito e alterado; mas quando se trata dos filhos dos agricultores, dos pobres e dos trabalhadores urbanos apenas o pior e o descaso são reservados.
Não existe assunto mais urgente nem mais importante do que aquele que visa oferecer melhores condições escolares para as crianças e adolescentes do município. Todo o resto é resolvível rapidamente – uma criança com fome, com sede e com extremo calor, que nestas condições não consegue aprender a escrever sequer o nome, é uma condição gravíssima.
A prefeitura que resolva e mostre o problema resolvido ou feche definitivamente as escolas municipais porque do jeito que está as crianças fingem aprender, os diretores e professores fingem trabalhar e o tesouro municipal e o futuro da cidade sofrem danos irreparáveis.
2 Comments
Parabéns Rafael! A triste realidade da educação no municipio de Palmeira dos Indios, foi contada neste texto escrito por você. A começar do Prefeito, secretária de educação, vereadores, que não têm responsabilidade com a coisa publica. Parabéns mais uma vez, pela coragem e inteligencia com escreveu o texto.
Obrigado, Marcos. Espero sinceramente que os ilustres vereadores e responsáveis do governo municipal tomem providências. É um absurdo que deve, e tem solução facílima, ser resolvido com urgência e prioridade. Até agora nenhum vereador se manifestou…