A Apicultura e a Meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) são atividades que se fortalecem cada vez mais em Alagoas. A realização simultânea do XV Seminário Alagoano de Apicultura e II Seminário de Meliponicultura, na última sexta-feira (04), na sede da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) do município de Santana do Ipanema, contribuiu ainda mais para que os setores cresçam. Os eventos abordaram a gestão de apiários para o aumento da competitividade e a criação de abelhas sem ferrão como uma opção viável para Alagoas.
Os seminários reuniram mais de 300 apicultores, meliponicultores, presidentes de sindicatos rurais, associações e cooperativas de produtores, estudantes universitários, além de membros de conselhos municipais ligados aos segmentos apícola e meliponícola de todo o estado. O público participou de palestras e conferiu a mostra apícola, com a exposição de produtos apícolas e melíferos.
Na cerimônia de abertura, Ronaldo Moraes, diretor técnico do Sebrae em Alagoas, destacou a atuação da instituição com a apicultura, iniciada nos anos 1990, e as melhorias alcançadas pelo setor nos últimos anos. O diretor também falou sobre o Movimento Compre do Pequeno Negócio e a relevância do segmento para a economia alagoana.
“A Apicultura é uma atividade importantíssima para o estado de Alagoas. É uma atividade da agricultura familiar, mas isso não quer dizer que não tenha potencial para gerar grandes negócios. A união dos produtores pode fazer da apicultura uma importante cadeia para diversificar a nossa economia”, frisou Ronaldo Moraes.
O diretor também lembrou que a criação da Câmara Setorial da Apicultura em Alagoas é fundamental para que o segmento seja fortalecido. Outro ponto abordado por ele foi o crescimento de outras atividades como a apicultura, que tem potencial de exportação.
José Mário da Silva, prefeito de Santana do Ipanema, anunciou que o município contará com uma Casa do Mel, que será feita com recursos no valor de R$180 mil. O prefeito lembrou, ainda, a importância da Apicultura para o município.
“Só gostaria de parabenizar a todos que organizaram o evento e que participaram, principalmente a juventude, pela disposição em compartilhar e apoiar a apicultura que serve como meio de sobrevivência e geração de renda. Mesmo com dificuldades financeiras, estamos apoiando o setor. Acreditamos que a atividade é um meio produtivo que vai dar certo aqui no município”, afirmou José Mário.
Everson Pontes, gerente de monitoramento dos Arranjos Produtivos Locais (APL) da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), destacou a presença de apicultores atendidos pelos dois APL de Apicultura do estado: APL Apicultura Litoral e Lagoas e APL Apicultura no Sertão.
“Esse evento é muito importante para o desenvolvimento da região e da atividade produtiva local aqui no estado. Com essa iniciativa, esperamos que a atividade seja tratada de uma forma mais coerente nos municípios que fazem parte dos arranjos”, concluiu.
Palestras
No seminário, Rogério Alves, ministrou a palestra “Criação de abelhas sem ferrão – uma opção viável para Alagoas”. Rogério é doutor em Ciências Agrárias pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), professor do Instituto Federal Baiano e atua principalmente nas áreas de meliponicultura, apicultura e cultivo de orquídeas. Durante a palestra, o especialista falou sobre as características da meliponicultura, sustentabilidade e a relação custo-benefício.
Apicultor há 33 anos, Robson Raad ministrou a palestra “Gestão de apiários para aumento de competitividade”. O especialista é graduado em Gestão Ambiental pela Universidade Metropolitana de Santos/SP e pós-graduado em Apicultura pela Universidade de Taubaté/SP. Na oportunidade, Robson abordou tópicos como a organização institucional, técnicas de alimentação de enxames, e mostrou resultados alcançados em locais diferentes do país, em biomas diferentes, como no cerrado e caatinga.
“Os apicultores têm que levar mais a sério a atividade, aumentando a produtividade para terem ganhos reais. Dentro desse contexto, é importante que a cadeia seja mais organizada e, sistematicamente, organizar também o apicultor para que ele consiga atingir uma produtividade que faça com que ele seja competitivo no mercado atual”, concluiu.
De acordo com Amilton Bezerra, apicultor do município de Maravilha desde 2007 e coordenador da Associação dos Apicultores de Maravilha (Apimar), as palestras ajudaram a abrir a mente e a fortalecer e motivar os apicultores em meio às dificuldades como a seca.
Segundo Demian Conde, coordenador nacional da Apicultura e Meliponicultura do Sebrae Nacional, o mercado de mel cresce cada vez mais no Brasil, a capacitação tecnológica, por meio das palestras faz toda a diferença para que os apicultores locais sejam inseridos no mercado nacional de forma mais consciente.
“É um evento muito interessante por trazer ao público dois dos melhores palestrantes do Brasil, que abordam questões tecnológicas para os apicultores da região. Nós sabemos que Alagoas e o Nordeste, como um todo, têm um potencial muito grande para a apicultura, que tem um poder muito grande de transformar vidas e a realidade das pessoas”, finalizou Demian.
APL Apicultura no Sertão
Cristian Cavalcante, gestor do APL Apicultura no Sertão, reforçou que o APL Apicultura no Sertão, reúne 11 associações com 250 associados e três cooperativas com 235 cooperados, dos municípios de Água Branca, Cacimbinhas, Delmiro Gouveia, Mata Grande, Olho d’água das Flores, Olho d’água do Casado, Olivença, Pão de Açúcar, Palestina, Pariconha, Piranhas, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da Tapera e Senador Rui Palmeira.
A realização do XV Seminário Alagoano de Apicultura e II de Meliponicultura faz parte das atividades do Movimento Compre do Pequeno Negócio, criado para incentivar o consumo de produtos e serviços fornecidos por micro e pequenas empresas do Brasil e, dessa forma, fortalecer a economia nacional e local.
Os eventos são promovidos através da parceria entre o Sebrae em Alagoas, Sedetur; Secretaria de Estado da Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa); Prefeitura Municipal de Santana do Ipanema; Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA); Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); Companhia dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf); Programa de Arranjos Produtivos Locais de Alagoas (PAPL); Instituto Federal de Alagoas (Ifal); Universidade Estadual de Alagoas (Uneal); Agência de Fomento de Alagoas (Desenvolve); e Cooperativa dos Criadores de Pequenos Animais de Santana do Ipanema (Copasil).