Antes vazia, a Linh
a 5 – Lilás do Metrô de São Paulo é atualmente a segunda mais cheia da cidade, transportando 6,1 passageiros por dia. Apesar disso, 26 trens novos que começaram a sair ainda em 2013 da fábrica nunca foram usados para desafogar o fluxo de pessoas. Segundo o Ministério Público do Estado a compra das composições que nunca transportou sequer um passageiro envolve problemas de planejamento e de incompatibilidade tecnológica.
Nesta segunda-feira, o órgão denunciou nove pessoas por improbidade administrada, entre elas o atual e o ex-secretário de Transportes Metropolitanos do Governo Alckmin, Clodoaldo Pelissioni e Jurandir Fernandes. Agora, cabe a Justiça decidir se a petição dos promotores é válida. Se a resposta for sim, eles se transformarão em réus e serão julgados pelo caso. Não há prazo para que isso aconteça.
“Esses trens já estão parados há dois anos, já estão perdendo a garantia. Tudo que está colocado naquele trem, principalmente em questão de eletrônica, de funcionamento, não vai ter utilidade”, comentou Milani, levantando outro problema apontado pela denúncia: o da defasagem tecnológica. Além dos problemas levantados pelo promotor, fotos enviadas ao EL PAÍS mostravam as composições vandalizadas e sofrendo processo de desmonte. Segundo funcionários, alguns dos trens foram apelidados de almoxarifado, porque estavam passando por um processo de desmonte e serviam como estoque de reposição para outras composições.
Segundo informou a assessoria do Metrô, os trens adquiridos “estão sendo entregues e passam por testes, verificações e protocolos de desempenho”. Das 26 composições, oito “estão aptas a operar a partir de setembro no trecho já existente da Linha – 5 Lilás”. O órgão também diz que “não arca com custo de aluguel para estacionamento dos trens”, que a garantia só começa a valer depois do início da operação de cada composição e que informações “já foram encaminhadas reiteradas vezes ao Ministério Público Estadual, que as desconsiderou para a abertura do inquérito”.
Além da questão dos trens, atualmente não há nenhuma obra metroviária na cidade que esteja dentro do prazo inicialmente apresentado. A Linha 5 – Lilás não é uma exceção. Segundo o urbanista Moreno Zaidan, ainda na década de 1990 ela começou a ser construída pela CPTM, quando ainda era chamada de Linha G. Depois, nos anos 2000, foi transferida para o Metrô e, por isso, acabou ficando desconectada do resto da rede metroviária. Só foi em 2011, com a inauguração da Estação Pinheiros da Linha 4 – Amarela, que ela passou a oferecer uma ligação mais lógica com o sistema do Metrô a partir da Linha 15 – Esmeralda, na Marginal Pinheiros. Em 2010, as obras de expansão da linha, que permitirá conexões com a Linha 2 – Verde e a 1 – Azul, foram interrompidas por suspeita de fraude e formação de cartel entre as empresas que participaram da licitação.