“Kaeté”, novo single de Alexandre Rodrigues, exalta a ancestralidade dos povos originários com feat. do Grupo Sabuká Kariri-Xocó (AL)
Faixa dá nome ao novo disco de estúdio do multi-instrumentista pernambucano, com lançamento completo confirmado para 5 de setembro

Nas margens do Rio São Francisco, o município alagoano de Porto Real do Colégio abriga a tribo dos Kariri-Xocó, numa terra indígena de 699 hectares e cerca de 2500 pessoas (fonte: Os Primeiros Brasileiros - UFRJ).
É dali que brota e ecoa o canto do Grupo Sabuká Kariri-Xocó, convidado especial de Alexandre Rodrigues em “Kaeté”, faixa instrumental inédita que o multi-instrumentista pernambucano revela hoje nas principais plataformas digitais - ouça aqui. É ela que dá nome ao próximo disco de estúdio de Alexandre, cujo lançamento digital completo está confirmado para dia 5 de setembro pelo selo Maracanã.
O Grupo Sabuká Kariri-Xocó desenvolve um trabalho de intercâmbio cultural e educação patrimonial há mais de 20 anos, no Brasil e no exterior. Seus cantos reverenciam a natureza e a ancestralidade kariri-xocó, elementos conceituais que dialogam diretamente com a proposta artística de Alexandre para o disco Kaeté: mergulhar o pífano brasileiro, seu principal instrumento de pesquisa, dentro de uma mistura que ele chama de “jazz afro-indígena”.
“O nome da música e do disco inclusive vem dessa ideia de celebrar e ao mesmo tempo buscar a minha ancestralidade”, pontua Alexandre. Ele cresceu entre roçados e pescas que o bisavô preservava sob mecanismos indígenas dos caetés, originários do território de Itapissuma (PE), cidade natal do artista e distante quase 430 quilômetros do povo kariri-xocó em Alagoas.“Acho que por isso o encontro com o Grupo Sabuká, para gravar este toré que compus, foi um momento tão prazeroso. Antes de dar início à gravação, eu comentei ao cacique Kayrá que a ideia da música era algo como a natureza: estávamos nos reencontrando. Disse a ele: Kayrá, estou saindo do meu território para te visitar e a gente vai se encontrar no meio da mata’. A introdução da música evoca essa ideia de pássaros, vento, água, cachoeira… todo esse som da natureza”, completa Alexandre. “Quando a gente se encontra, a gente celebra e se abraça, entram o canto e a melodia. Depois da melodia vem a nossa conexão com a natureza, que é o improviso. Esse é o tema ‘Kaeté’, a celebração de um passado com o presente. O cacique Kayrá gostou muito do resultado da gravação, a ponto de me falar: ‘Alexandre, você é um de nós!’”.
Na ficha técnica de “Kaeté”, encontram-se também os músicos: Tom Cykman (guitarra) e Felipe Gianei (contrabaixo acústico). A faixa foi gravada em um dia, no Estúdio Arsis (São Paulo). Este é o segundo single divulgado por Alexandre Rodrigues de Kaeté. O primeiro, “Forró pro Shabaka”, veio à tona em julho, reforçando a estética sonora de Alexandre, que mantém o pífano em posição de protagonismo.
Sobre Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues é multi-instrumentista, compositor, educador e luthier de pífanos. Ele desenvolve um trabalho autoral que dá protagonismo ao pife, aplicando ao instrumento um experimentalismo inédito, fundindo-o ao jazz e à música popular, valorizando o que de mais bonito a cultura popular traz consigo: a pluralidade de sons e possibilidades melódicas.
Alexandre Rodrigues já se apresentou ao lado de grandes nomes da música brasileira como Wilson das Neves, Mariene Castro, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Fabiana Cozza. Formado em licenciatura de Música pelo IFPE (campus de Belo Jardim), no agreste pernambucano, Alexandre viveu e viu naquela região a resistência e renovação das bandas de pife.
Foi a partir da aproximação com os mestres de pífano durante a faculdade que o músico relembrou o primeiro contato com o instrumento. Foi ali que a vontade de fazer um trabalho de base voltado para a música em sua cidade natal ganhou fôlego e Alexandre decidiu se tornar luthier e músico-educador.
A paixão pela tradição do pífano e as suas referências musicais modernas convergem quando o artista passa a compor conectando as sonoridades da música regional pernambucana como o frevo, o maracatu rural, o caboclinho e o baião à melodias jazzísticas. Nas apresentações ao vivo Alexandre Rodrigues cria um ambiente de experimentação, onde suas composições conversam com a musicalidade urbana, mas sempre preservando o conhecimento tradicional.
Atualmente ele se divide em dois projetos musicais distintos: Alexandre Rodrigues Trio, com o qual lançará Kaeté e Alexandre Rodrigues e o Pife Urbano, que se volta a um trabalho de reconfiguração do pife, partindo de um contexto rural, mas em direção ao urbano, sempre preservando a tradição.