Renan Filho lança Política Nacional de Outorgas Ferroviárias e anuncia maior carteira de investimentos da história
Pacote inclui oito leilões de ferrovias, R$ 140 bilhões em aportes e expansão de 9 mil km de trilhos; setor rodoviário também terá recorde de concessões em 2026
A infraestrutura de transportes do Brasil entrou em uma nova fase nesta terça-feira (25) com o lançamento da Política Nacional de Outorgas Ferroviárias, apresentada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, durante evento em Brasília. A iniciativa, celebrada por representantes do setor e instituições financeiras, estabelece o primeiro marco estruturado para o planejamento ferroviário nacional, com diretrizes de governança, sustentabilidade e financiamento.
“Estamos lançando a primeira Política Nacional de Outorgas Ferroviárias e a maior carteira ferroviária da história recente do país. É uma decisão de Estado, algo transformador”, afirmou o ministro. O novo modelo combina recursos públicos e privados e abre caminho para oito leilões que totalizam mais de 9 mil quilômetros de ferrovias. Os investimentos previstos chegam a R$ 140 bilhões, com impacto estimado de R$ 600 bilhões ao longo dos próximos anos.
O secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, destacou que o setor vive um momento de retomada. “Ferrovia reduz custo, integra cadeias de produção e aumenta competitividade. Avançamos muito nesses três anos, com uma estratégia sólida e moderna”, disse.
Entre os principais projetos anunciados estão o Anel Ferroviário do Sudeste (EF-118), a Ferrogrão, o Corredor Leste-Oeste, a Malha Oeste e corredores da Malha Sul. Só a Ferrogrão, que ligará Sinop (MT) a Itaituba (PA), deve gerar mais de 100 mil empregos durante sua implantação. A iniciativa recebeu apoio do setor privado. “Fazer ferrovia exige visão de longo prazo. O mercado está animado com essa agenda”, afirmou Davi Barreto, diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).
O diretor de Planejamento do BNDES, Nelson Barbosa, reforçou que o banco seguirá como financiador central das concessões. “A agenda não só foi retomada, como consolidada. A parceria público-privada tem mostrado resultados consistentes”, disse.
Pacote rodoviário também avança com 13 novos leilões
Além do setor ferroviário, o ministro Renan Filho apresentou o pacote rodoviário previsto para 2026: serão 13 novos leilões, somando R$ 148 bilhões em investimentos. Em três anos, já foram realizados 21 leilões rodoviários, com 10 mil quilômetros concedidos e R$ 232 bilhões contratados.
Entre os destaques está a Rota dos Sertões, que ligará Feira de Santana (BA) a Salgueiro (PE). Previsto para março de 2026, o leilão deve movimentar R$ 6 bilhões e impulsionar obras como duplicações, passarelas e áreas de descanso, com expectativa de gerar cerca de 60 mil empregos.
A secretária de Transporte Rodoviário, Viviane Esse, aposta em forte adesão do setor privado. “É uma carteira robusta e madura, com grande potencial de retorno”, avaliou. O pacote inclui ainda seis revisões contratuais em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU) para modernizar concessões antigas. A meta é concluir 35 concessões até 2026 — o maior número em uma única gestão.
“O Brasil está aberto ao investimento privado de longo prazo. Existe credibilidade e isso é fundamental. O setor está pronto para participar desse novo ciclo”, afirmou Marco Aurélio Barcelos, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias.