Tanawi Kariri: “Audiência pública não interfere no processo; queremos paz e diálogo”
Em entrevista a Cláudio André, líder indígena fala em pagamentos já a partir de dezembro, elogia postura de advogado e concorda com crônicas de Vladimir Barros sobre o caminho do acordo
Palmeira dos Índios – O líder indígena Tanawi Cariri concedeu entrevista ao radialista Cláudio André, no programa A Notícia, transmitido pela Francês FM, Cacique FM e Cidade FM (Santana do Ipanema). Ele reafirmou que a situação do Território Xucuru-Kariri está na fase final e que a audiência pública realizada em Palmeira dos Índios “não tem efeito nenhum no processo”.
“A audiência não interfere em nada no processo do território Xucuru-Kariri. Vi ali muita fala política e promoção pessoal”, disse Tanawi.
Homologação e indenizações
Segundo ele, o processo já avançou além da discussão da demarcação: “Agora é fase de homologação e depois virá a desintrusão”. O líder confirmou que os primeiros pagamentos de indenizações começam ainda em dezembro:
• 35 proprietários receberão a primeira parcela emergencial no fim do ano;
• Até abril, quase 200 famílias devem ser indenizadas;
• Nos levantamentos antigos, a Funai corrige os valores pela taxa Selic; nos mais recentes, são feitas novas análises técnicas.
Tanawi disse que já tem reuniões agendadas com o coordenador da Funai para dar andamento ao cronograma. “Posso garantir: recursos não vão faltar para pagar as indenizações”, afirmou, acrescentando que quem não aceitar acordo direto terá o valor depositado em juízo após a homologação.
Política, acordos e respeito
Na entrevista, Tanawi também comentou a postura do advogado Adeílson Bezerra, que representa agricultores. “Ele evoluiu no tom, estudou o processo e se posicionou melhor. Admirei a postura dele”, disse. Mas voltou a criticar o ambiente político: “Muitos políticos, que são grandes posseiros, ficam instigando os pequenos para criar mal-estar. Isso não ajuda ninguém”.
Sobre a busca de soluções, Tanawi citou a importância do caminho do diálogo, alinhando-se às crônicas do jornalista e cronista da Tribuna do Sertão, Dr. Vladimir Barros:
“Sempre estivemos abertos ao acordo, foi por isso que o território foi reduzido tantas vezes. Agora chegamos ao limite, mas só queremos paz. Concordo com o Dr. Vladimir: o melhor caminho é o acordo, a conversa, o diálogo. É isso que a gente busca.”
Outros pontos
• Arrendamento: Tanawi negou que terras indígenas estariam sendo arrendadas. “Não tenho conhecimento disso. O que existe são invasões. Se houver denúncia de arrendamento, vamos buscar meios legais para agir”.
• Histórico do processo: reafirmou que é um caso antigo, anterior a 2010, e que “não cabe mais contestamento judicial”.