Promessa de indenização feita pela Funai chega ao mês decisivo: dezembro
Expectativa cresce para que o órgão honre a promessa feita no mês passado durante entrevista ao podcast Vamos Conversar
Agora em pleno 5 de dezembro, a expectativa entre os pequenos produtores e proprietários de áreas inseridas na Terra Indígena Xukuru-Kariri é crescente. Isso porque, em novembro, o coordenador regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) para Alagoas e Sergipe, professor Cícero Albuquerque, afirmou publicamente que as primeiras indenizações seriam pagas ainda neste mês de dezembro, compromisso que agora é aguardado com atenção e apreensão por toda a comunidade.
A declaração foi dada em entrevista ao podcast Vamos Conversar, da Tribuna do Sertão, e representou o posicionamento mais firme e transparente do órgão desde que o processo voltou à centralidade do debate público.
Segundo Cícero, a FUNAI já dispõe dos valores necessários para iniciar os pagamentos. R$ 10.349.000 estariam reservados para contemplar as cinco primeiras indenizações de benfeitorias mapeadas pela equipe técnica.
“Não serão indenizações injustas. Nós queremos indenizar, não explorar ninguém. A justiça histórica precisa ser feita”, assegurou o coordenador.
Diante da virada do mês, produtores agora aguardam que o compromisso anunciado seja, de fato, honrado.
FUNAI REAGE A ATAQUES E DENUNCIA ESCALADA DE HOSTILIDADE
Na entrevista, Cícero Albuquerque condenou episódios de ameaça e hostilidade contra servidores e equipes técnicas da FUNAI. Classificou o comportamento como “inaceitável” e garantiu que qualquer intimidação será comunicada às autoridades policiais e ao Ministério Público.
O coordenador também rebateu a ideia de que a FUNAI atua contra os interesses da população de Palmeira dos Índios. Para ele, discursos políticos acalorados e a disseminação de desinformação contribuíram para a criação de uma imagem distorcida da instituição.
“Essa imagem construída contra a FUNAI é injusta. Nosso trabalho é técnico, público e transparente”, afirmou.
UM TERRITÓRIO REDUZIDO PELA HISTÓRIA
Durante a entrevista, Cícero relembrou as reduções sucessivas no território reivindicado pelos Xukuru-Kariri.
O território já foi registrado como:
• 30 mil hectares, depois
• 17 mil,
• 13 mil,
• até chegar aos atuais pouco mais de 7 mil hectares demarcados.
“É uma disputa antiga, marcada por perdas sucessivas do povo indígena”, destacou.
PROCESSO EM FASE FINAL E INDENIZAÇÕES MAPEADAS
O levantamento das benfeitorias — que inclui imóveis, estruturas produtivas e equipamentos — já foi concluído pela FUNAI, seguindo critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Justiça e pela 8ª Vara Federal de Arapiraca.
Com a promessa de que os pagamentos começariam em dezembro, a etapa seguinte é a preparação para a homologação presidencial e, depois, a desintrusão das áreas ocupadas.
Cícero também fez questão de ressaltar que o órgão jamais se furtou ao diálogo:
“Se tem algo que fizemos foi dialogar com respeito. Não vamos aceitar ameaças de quem promete ‘fazer e acontecer’.”
UM MARCO HISTÓRICO EM CONSTRUÇÃO — AGORA À ESPERA DO DEPÓSITO
O início das indenizações representa um passo decisivo no processo demarcatório que se arrasta há mais de uma década. Para os Xukuru-Kariri, significa aproximar-se de uma reparação histórica. Para os produtores, é a chance de, finalmente, ver a solução indenizatória sair do papel.
À medida que dezembro avança, cresce também a expectativa para que a FUNAI cumpra o compromisso feito publicamente.
A Tribuna do Sertão acompanhará de perto a movimentação e trará novas informações sobre aquele que é, hoje, o maior e mais sensível conflito fundiário da história recente de Palmeira dos Índios.