Presidente afastado do CSE denuncia juros de agiota e explica rompimento com Ibson Melo: “Ele quis se aproveitar da crise”
José Barbosa afirma que ex-jogador cobrou juros de 39% sobre empréstimos ao clube e teve acesso a renda de três jogos com estádio lotado; dirigente rompeu relações e acusa proposta “indecente”

O presidente do Clube Sociedade Esportiva (CSE), José Barbosa da Silva, fez duras declarações nesta segunda-feira (14) durante entrevista ao radialista Antônio Oliveira, da Francês Agreste FM, no programa Bola na Rede. O dirigente expôs os bastidores de sua relação com o ex-jogador Ibson Melo, apontado como investidor do clube, e revelou um rompimento definitivo após desentendimentos financeiros e o que classificou como “proposta indecente”.
Segundo Barbosa, Ibson ficou com a renda dos três últimos jogos do CSE em casa, todos com grande presença de público, incluindo partidas contra o Penedense e o CSA. “A média foi de 3.500 a 4.000 pagantes, com ingressos a R$ 20. Isso daria algo em torno de R$ 70 mil por jogo”, disse Antônio Oliveira, ao que Barbosa respondeu confirmando a cessão da renda em troca de aporte financeiro.
“Ele se colocou como investidor e nós aceitamos, porque estávamos descapitalizados. Mas o valor que ele destinou ao clube veio com juros de 39%. Isso é um absurdo. Se ele quisesse realmente ajudar, teria emprestado o dinheiro sem explorar o clube. Ele se aproveitou da crise do CSE”, disparou o presidente.
“Rompemos. O clube é nosso”
Barbosa relatou que o rompimento se deu após uma tentativa de interferência de Ibson na administração do clube, além de uma proposta pessoal que preferiu não detalhar publicamente.
“Ele me disse: ‘Quero sanar as dívidas do CSE e depois vender o clube e ir embora’. Eu disse: ‘Não! Já falei que isso não me interessa’. A partir do momento em que ele fez uma proposta indecente, rompi com ele. Agora, ele faz a parte de atleta, e nós dirigimos o clube”, afirmou Barbosa.
Dinheiro da CBF e polêmica sobre conta internacional
Durante a entrevista, surgiu também a dúvida sobre o repasse da segunda parcela de recursos da CBF, no valor de cerca de R$ 270 mil. A informação de bastidores era de que o valor teria sido transferido diretamente para uma conta de Ibson na Tailândia, onde o ex-jogador atua.
“Isso não tem fundamento. A CBF não faz esse tipo de repasse. O dinheiro veio para a conta do clube, e de lá, sim, foram feitos pagamentos a ele. Afinal, o clube estava devendo. Mas essa história de cair direto na conta dele fora do país não é verdadeira”, esclareceu o presidente.
Barbosa confirmou que parte desse dinheiro serviu para quitar o valor do empréstimo feito anteriormente — aquele com os juros elevados. “Mas não houve irregularidade bancária no repasse”, disse.
Clima de tensão e desconfiança
As declarações de José Barbosa ocorrem em meio a um clima de crise institucional no CSE, que nos últimos dias passou por intervenção administrativa e investigações sobre possíveis irregularidades. O clube vive instabilidade dentro e fora de campo, e a gestão atual tenta reequilibrar finanças e reconstruir a confiança da torcida.