Buracos negros intermediários: cientistas encontram pistas do elo perdido no cosmos profundo

Cientistas da Universidade Vanderbilt, nos EUA, encontraram possíveis evidências de buracos negros de massa intermediária, considerados o elo perdido na evolução desses objetos cósmicos. A descoberta, baseada em dados dos observatórios científicos LIGO e Virgo, pode revolucionar o entendimento sobre a origem e o futuro dos buracos negros.
Os buracos negros — um dos objetos celestes mais fascinantes e misteriosos do Universo — são classificados em três categorias principais: os de massa estelar, com até 50 vezes a massa do Sol; os supermassivos, com milhões ou bilhões de massas solares; e os intermediários, cuja existência tem sido mais difícil de comprovar, considerados o elo perdido na evolução dos buracos negros, conectando os dois extremos conhecidos.
Pesquisadores da Universidade Vanderbilt, liderados por Krystal Ruiz-Rocha e Anjali Yolkier, reanalisaram dados dos observatórios LIGO e Virgo em busca de sinais de fusões de buracos negros intermediários (IMBHs, na sigla em inglês). Segundo artigo publicado na The Astrophysical Journal Letters, a equipe acredita ter encontrado evidências desses objetos, que até então eram apenas teóricos.
Os dados revelaram eventos de ondas gravitacionais que indicam colisões entre buracos negros com massas entre 100 e 300 vezes a do Sol. Esses eventos representam as maiores fusões já registradas e se encaixam na faixa esperada para os IMBHs, sugerindo que esses objetos realmente existem.
O astrônomo Karan Jani, professor assistente da Universidade Vanderbilt, destacou que esses buracos negros podem ser considerados "fósseis cósmicos", oferecendo pistas sobre as primeiras estrelas do Universo. A descoberta abre novas possibilidades para entender a origem e a evolução dos buracos negros.
A missão espacial LISA — liderada pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), com colaboração da NASA — prevista para o final da década de 2030, poderá confirmar essas descobertas. Diferente do LIGO e do Virgo, que detectam os momentos finais das colisões, o LISA poderá acompanhar os buracos negros por anos antes da fusão, oferecendo uma visão mais completa do processo.
De acordo com a pesquisadora Krystal Ruiz-Rocha, os IMBHs podem se tornar as fontes mais interessantes para a rede de detectores de ondas gravitacionais, tanto na Terra quanto no espaço. Cada nova detecção ajuda a explicar por que esses buracos negros ocupam uma faixa de massa tão misteriosa.
O futuro da pesquisa pode incluir observatórios lunares, como parte do programa Artemis da NASA. A ideia é retomar planos da era Apollo e construir um detector de ondas gravitacionais na Lua, uma oportunidade única de unir ciência e exploração espacial, afirmam os pesquisadores.