Missão Solar Orbiter revela como o Sol acelera partículas em suas erupções (IMAGENS)

O Sol, nosso vizinho cósmico aparentemente tranquilo, é na verdade um potente acelerador de partículas. Com dados inéditos da missão Solar Orbiter, cientistas revelam como elétrons energéticos são lançados em eventos distintos, ajudando a entender e proteger futuras missões espaciais.
O Sol, embora pareça sereno visto da Terra, é na verdade um ambiente extremamente hostil e ativo, lançando partículas em alta velocidade para o espaço. Essa atividade intensa é resultado de processos nucleares que ocorrem em sua superfície e atmosfera, tornando-o o mais poderoso acelerador de partículas do Sistema Solar. Pesquisadores têm se dedicado a estudar essas partículas energéticas, especialmente aquelas liberadas durante erupções solares e ejeções de massa coronal (EMCs, na sigla em inglês).
Segundo o heliofísico Alexander Warmuth, os eventos solares que geram essas partículas se dividem em dois tipos principais: os "impulsivos", que ocorrem em explosões rápidas durante erupções solares, e os "graduais", associados a EMCs mais amplas e duradouras. Cada tipo apresenta características distintas, indicando diferentes origens e mecanismos de aceleração. Essa diferenciação é essencial para entender como o Sol influencia o ambiente espacial.
A missão Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), tem sido fundamental para essa investigação. Aproximando-se até 42 milhões de quilômetros do Sol, a sonda conseguiu medir diretamente os elétrons energéticos solares (SEEs), revelando detalhes inéditos sobre sua origem. A proximidade permitiu observar os eventos com precisão e identificar padrões que antes eram impossíveis de detectar com instrumentos mais distantes.
Com mais de 300 eventos analisados entre 2020 e 2022, o estudo representa a pesquisa mais abrangente já realizada sobre SEEs. Os dados coletados confirmam a existência de dois grupos distintos de partículas e mostram, pela primeira vez, uma conexão clara entre os fluxos de elétrons no espaço e os eventos solares que os geram. A capacidade da Solar Orbiter de observar simultaneamente os elétrons e os fenômenos solares foi essencial para essa descoberta.
A órbita excêntrica da sonda também permitiu investigar como os elétrons se comportam ao se afastarem do Sol. Um dos achados mais intrigantes foi a explicação para os atrasos entre os sinais visuais das erupções solares e a detecção dos elétrons. Segundo os pesquisadores, não se trata de um atraso na liberação, mas sim na chegada das partículas, que enfrentam turbulências e se dispersam ao longo do caminho.
Esses resultados reforçam o valor da Solar Orbiter como ferramenta científica. Ao medir partículas em estado puro e rastrear sua origem com precisão, a missão está desvendando aspectos fundamentais da física solar. Os pesquisadores acreditam que, nos próximos anos, a sonda continuará a fornecer dados cruciais para entender melhor o comportamento do Sol e sua influência sobre o espaço ao redor.
Além do avanço científico, esse conhecimento tem aplicações práticas importantes. Compreender como as partículas solares se propagam pode ajudar a proteger satélites e astronautas contra os efeitos nocivos da radiação espacial.
Por Sputinik Brasil