PESQUISA CIENTÍFICA

Cientistas identificam fósseis magnéticos de criatura pré-histórica com possível 'GPS biológico'

Descoberta de estruturas microscópicas indica que animal marinho extinto já utilizava magnetorrecepção para navegação há 97 milhões de anos

Por Por Sputnik Brasil Publicado em 28/11/2025 às 10:55
© Foto / Public domain/Charles R. Knight

Pesquisadores da Universidade de Cambridge e do Helmholtz-Zentrum Berlin desvendaram um enigma paleontológico ao analisar fósseis magnéticos de um organismo ancestral.

Esses fragmentos microscópicos, com formato semelhante a pontas de lança ou agulhas, foram encontrados em sedimentos marinhos datados de aproximadamente 97 milhões de anos.

Animais como pássaros e tartarugas marinhas são conhecidos por navegar utilizando um "GPS biológico", chamado magnetorrecepção. Embora se saiba que diversas espécies se orientam pelo campo magnético da Terra, o funcionamento preciso desse mecanismo ainda intriga os cientistas.

"Qualquer que tenha sido a criatura que deixou esses magnetofósseis, agora sabemos que era provavelmente capaz de navegação precisa", afirmou Rich Harrison, co-líder do estudo e pesquisador do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge, em comunicado divulgado pelo portal Space.com.

Para investigar os fósseis, a equipe empregou uma técnica inovadora baseada em tomografia magnética, capaz de revelar estruturas internas por meio de campos magnéticos. Até então, examinar o interior de magnetofósseis maiores era um desafio, pois os raios X convencionais não conseguiam atravessar suas camadas externas.

Os cientistas observaram que os arranjos dos campos magnéticos, gerados pelos elétrons em movimento — conhecidos como momentos magnéticos —, são indícios claros da presença de magnetorrecepção no animal responsável pelos fósseis.

Embora os pesquisadores considerem que os fósseis estejam ligados à navegação por magnetorrecepção, ainda não foi possível identificar a espécie que os produziu.

Segundo os autores do estudo, é plausível supor que esses fósseis tenham origem em um animal marinho migratório abundante, capaz de deixar vestígios em grande quantidade nos oceanos pré-históricos. Para Harrison, as enguias são uma hipótese possível.