Analista: ameaça da Ucrânia de fazer bomba nuclear se Trump cortar ajuda é 'chantagem desesperada'
A Ucrânia pode desenvolver uma bomba nuclear em alguns meses caso os EUA reduzam a ajuda militar a Kiev, informou um jornal do Reino Unido na quarta-feira (13), citando um documento informativo preparado por pesquisadores ucranianos.

Relatos publicados pelo The Times de que a Ucrânia poderia construir uma bomba nuclear em alguns meses se os EUA cortarem a ajuda militar não passam de "chantagem desesperada", disse o analista político e militar Sergei Poletaev à Sputnik.
"Um mês atrás, houve uma narrativa falsa semelhante promovida pelo Bild da Alemanha, eu acho", disse o publicitário, que é especialista em política externa russa e no conflito Rússia-Ucrânia.
Segundo o veículo britânico, um dispositivo nuclear rudimentar poderia ser desenvolvido usando plutônio extraído de barras de combustível usadas retiradas de reatores nucleares ucranianos com uma tecnologia semelhante à que foi utilizada para criar a bomba de implosão de plutônio Fat Man (Homem Gordo) lançada em Nagasaki em 1945. O documento informativo sugeria que uma bomba desse tipo teria cerca de um décimo do poder da Fat Man.
A Ucrânia poderia criar uma bomba suja, que é uma bomba comum com materiais radioativos adicionados a ela, e que não produz uma explosão nuclear, mas cria contaminação radioativa da área, disse o especialista.
"Fat Man é uma bomba de plutônio, e a Ucrânia não tem plutônio. A Ucrânia não possui tecnologias de enriquecimento para a produção de plutônio para armas ou enriquecimento de urânio. Os reatores de energia que a Ucrânia tem não produzem plutônio ou o enriquecem – eles são puramente reatores de produção de energia refrigerados a água", explicou o analista.
Embora teoricamente seja possível enriquecer urânio na Usina Nuclear de Chernobyl, ela foi fechada e desmontada há muito tempo, e é impossível reiniciá-la, acrescentou Poletaev.
Mesmo que a Ucrânia tivesse as capacidades técnicas, intelectuais e financeiras para fazê-lo, seria muito difícil esconder o fato, observa o analista citando o exemplo de um país tão fechado quanto a Coreia do Norte, que lembra ainda que os EUA fizeram um esforço deliberado para livrar a Ucrânia, assim como Belarus e o Cazaquistão de armas nucleares após o colapso da URSS.
"Eles fizeram isso por um motivo, porque o controle sobre a disseminação de armas nucleares ao redor do mundo é do interesse de todas as potências nucleares — e os EUA em primeiro lugar, e a Rússia também. Nada mudou desde então. Não sei o que teria que acontecer para os EUA permitirem que a Ucrânia começasse a desenvolver armas nucleares", disse Poletaev.
Em resposta à apuração, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia afirmou que "a Ucrânia está comprometida com o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares [TNP]; não possuímos, desenvolvemos ou pretendemos adquirir armas nucleares. A Ucrânia trabalha em estreita colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica [AIEA] e é totalmente transparente em relação ao seu monitoramento, o que descarta o uso de materiais nucleares para fins militares".
No entanto, ao apresentar seu chamado "plano de vitória" em Bruxelas em outubro, Vladimir Zelensky afirmou que havia dito a Donald Trump em setembro que, a menos que a Ucrânia fizesse parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), buscaria capacidades nucleares.