Brasil divulga prioridades do BRICS para 2025; desdolarização segue na pauta pese ameaças dos EUA

As prioridades que guiarão os debates do grupo e os objetivos a serem alcançados em 2025 pelo BRICS foi divulgada nesta quinta-feira (13) pelo governo brasileiro que está na presidência rotativa do grupo, que é anual.
Chamadas de notas temáticas, ou Issue Notes em inglês, as diretrizes apresentam temas como cooperação política e de segurança, a econômica e financeira, cultural e pessoal.
De acordo com o documento estão entre as prioridades os países do Sul Global, mudança do clima, governança de Inteligência Artificial, e a reforma da Arquitetura Multilateral de Paz e Segurança.
Pese as recentes e insistentes ameaças de do presidente Donald Trump de prejudicar o BRICS caso tentem desdolarizar transações comerciais, o documento assegura que seguirá trabalhando a favor do uso de moedas locais em transações comerciais de seus integrantes.
"A presidência do Brasil dará continuidade aos esforços de cooperação para desenvolver instrumentos de pagamento locais que facilitem o comércio e o investimento, aproveitando sistemas de pagamento mais acessíveis, transparentes, seguros e inclusivos entre os membros do BRICS. Além disso, medidas de facilitação de comércio, entre elas a cooperação regulatória, poderão contribuir para o aumento do intercâmbio comercial e de investimentos".
Ao citar os conflitos internacionais que assolam o planeta e baixa efetividade das instâncias multilaterais de paz e segurança internacionais, o texto defende que o BRICS pode contribuir para reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, "com o objetivo de torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente":
"A presidência brasileira pretende discutir o seguimento do "Chamado à Ação sobre a Reforma da Governança Global", emanado da reunião aberta de ministros das Relações Exteriores do G20 realizada em Nova York, à margem da 79ª Assembleia Geral da ONU", reafirma a nota.
Além disso, segundo o documento o Brasil proporá a formação de uma Força-Tarefa sobre Desenvolvimento Institucional para manter a coesão, harmonização e eficiência dentro do grupo, além de facilitar a transferência da presidência, melhorar as metodologias de trabalho e integrar melhor os novos membros à estrutura do BRICS
Esses e outros tópicos serão discutidos e transformados em compromissos coletivos pelo grupo, na Cúpula de Chefes de Estado, programado para ocorrer no segundo semestre deste ano, no Rio de Janeiro.
Criada originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo vem crescendo e já ganhou seis membros nos últimos dois anos: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão se tornaram países parceiros, na 16ª Cúpula do BRICS, realizada em Kazan, em agosto de 2024.
A primeira Cúpula de Chefes de Estado ocorreu em 2009 na cidade de Ecaterimburgo, na Rússia e desde então ocorre anualmente em país diferente da edição anterior.
Por Sputinik Brasil