A ausência do cineasta Cacá Diegues no tradicional segmento “In Memoriam” da cerimônia do Oscar 2025, realizada no último domingo (2), gerou forte repercussão e indignação entre fãs e críticos de cinema. O tributo, que homenageia profissionais da sétima arte falecidos no último ano, não incluiu o nome do cineasta brasileiro, falecido em fevereiro, mesmo após sua presença ter sido confirmada na lista prévia divulgada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A falha foi destacada pelo jornal O Estado de S. Paulo e amplamente criticada nas redes sociais, onde internautas classificaram a omissão como um "desrespeito" à trajetória do cineasta. A indignação se tornou ainda mais evidente em uma noite histórica para o Brasil, que conquistou a estatueta de Melhor Filme Internacional com "Ainda Estou Aqui", de Walter Moreira Salles.

Uma trajetória imortal no cinema

Carlos José Fontes Diegues, mais conhecido como Cacá Diegues, nasceu em Maceió, no dia 19 de maio de 1940. Foi um dos principais expoentes do Cinema Novo, ao lado de cineastas como Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo César Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Sua contribuição para o cinema brasileiro é inestimável, dirigindo mais de 20 longas-metragens, entre eles clássicos como:

"Ganga Zumba" (1964)

"Xica da Silva" (1976)

"Bye Bye Brasil" (1980)

"Tieta do Agreste" (1995)

"Orfeu" (1999)

"Deus é Brasileiro" (2003)

Reconhecido internacionalmente, Diegues participou de importantes festivais, como Cannes, Berlim e Veneza, e consolidou sua influência no cinema global. Além de sua carreira cinematográfica, ocupava a cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Seu último projeto, "Deus Ainda é Brasileiro", estava em fase de produção e foi roteirizado em parceria com o escritor e amigo Carlito Lima, também alagoano.

Omissão ou descaso?

A ausência de Cacá Diegues no "In Memoriam" reacende o debate sobre o reconhecimento do cinema latino-americano e a constante invisibilização de artistas fora do circuito hollywoodiano. Para muitos, o episódio reflete a falta de prestígio que grandes nomes do cinema brasileiro ainda enfrentam no cenário internacional, mesmo com um legado inquestionável.

O Brasil celebrou um grande feito no Oscar 2025, mas não sem lamentar a falta de um tributo a um de seus mais importantes cineastas. Para os fãs e críticos, a obra de Cacá Diegues transcende premiações e segue viva na história do cinema brasileiro e mundial.