Disputa entre sócios do Hotel Rosewood vai parar na Justiça

O empresário francês Alexandre Allard está acusando seus sócios de espionagem e usurpação de direitos autorais de elementos artísticos e atualizações relacionadas ao hotel de luxo Rosewood, localizado na região central da capital paulista. O caso foi parar na Justiça: a juíza Laura de Mattos Almeida, da 29.ª Vara Cível de São Paulo, autorizou uma perícia no prédio. Segundo a defesa de Allard, os sócios também tentaram diluir sua participação acionária no empreendimento.
O hotel Rosewood, inaugurado em 2022, é controlado pela BM Empreendimentos, que é composto por Allard e pela holding Chow Tai Fook Enterprises Limited (CTF), sediada em Hong Kong.
Procurados, os advogados que representam o BM e o CTF não se pronunciaram sobre o caso.
Allard alega que elementos recentes do projeto foram concebidos por ele antes da entrada do CTF no negócio. Uma perícia no hotel foi autorizada pela Justiça, sob pedido do empresário, que temia mudanças no local durante a tramitação do processo. Allard diz ser o detentor dos direitos autorais do projeto inovador que mudou o local.
"Nesse particular, o requerente (Allard) foi um visionário que, com seu olhar inovador, criativo e inventivo, exerceu a oportunidade de enaltecer a cultura e a criatividade brasileiras, por meio da utilização de componentes e elementos originários exclusivamente do País, sempre conciliando com práticas ambientais responsáveis e sustentáveis", diz o trecho do documento apresentado pela defesa do empresário.
Participação acionária
No documento, ao qual o Estadão teve acesso, o empresário francês também acusa uma diretora da BM Empreendimentos de ter entrado no caderno de sua advogada e extraído informações e documentos por meio de um pendrive.
Os dados seriam referentes a uma negociação de debêntures, ligadas à participação acionária no empreendimento. Com isso, a acusação de Allard é de que os sócios pretendiam diluir sua participação no hotel.
Em 2010, Allard adquiriu o antigo Hospital Matarazzo e criou no local o que chama de Cidade Matarazzo, onde fica o hotel Rosewood. A CTF passou a fazer parte do negócio, para viabilizar a execução financeira do projeto, a partir de 26 de novembro de 2013, de acordo com o processo.
O Chow Tai Fook, dono da CTF, é um conglomerado privado com sede em Hong Kong. O grupo tem negócios nos mercados de joalheria, cassinos, hotelaria, desenvolvimento imobiliário, telecomunicações e energia, além de ser dono da marca Rosewood de hotéis.
O documento informa ainda que a CTF é a maior cotista do fundo de investimento BM 888, o que lhe permite decidir a maioria dos assuntos relevantes relacionados a Rosewood - Cidade Matarazzo.
Também procurado, o advogado do grupo francês, Leandro Chiarottino, sócio do escritório Chiarottino e Nicoletti Advogados, disse que não se manifestaria porque a ação é em justiça e parcialmente submetida ao segredo de Justiça. Também defende o Grupo Allard o advogado Modesto Carvalhosa, de MKR Advogados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.