FRUTO

Cacau seguro: pesquisa da Uesb comprova qualidade de solo baiano para produção do fruto

Publicado em 14/05/2025 às 10:09

Nem só para o chocolate serve o cacau. Ele também chega à mesa do consumidor como pó, manteiga e serve como ingrediente para muitas receitas, como cookies e bolos. Agora, imagina esse fruto servido com propriedades tóxicas que podem afetar a saúde humana? Isso porque o consumo excessivo de metais como bário, cádmio, cromo, chumbo, níquel são potencialmente prejudiciais, podendo até causar doenças crônicas.

Utilizando dados obtidos na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) a doutoranda Tatiana Bastos, do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Uesb, decidiu investigar a presença desses metais pesados na produção cacaueira na Bahia, considerada a segunda maior produtora do fruto no país. Um dos objetivos do trabalho é quantificar a presença natural dessas substâncias em solos das áreas de florestas nativas (Mata Atlântica).

Como resultado, verificou-se que os valores apresentados nas regiões pesquisadas na Bahia são compatíveis com a quantidade determinada pela FAO e Comissão Europeia, sendo aceitáveis para o consumo humano. “A análise dos teores de metais pesados contribui para garantir a segurança alimentar e a saúde dos consumidores, prevenindo a exposição a elementos tóxicos”, explica a pesquisadora.

A pesquisa fornece dados para que as práticas agrícolas voltadas para a produção cacaueira sejam mais seguras, sustentáveis e ambientalmente responsáveis. Além disso, a ideia do trabalho é auxiliar na criação de “políticas públicas voltadas à sustentabilidade rural, à valorização da produção de cacau de qualidade e à adaptação da agricultura frente às mudanças climáticas”, aponta Tatiana.

Sobre a pesquisa – O trabalho foi realizado em 41 municípios da Bahia, que compreendem a região cacaueira do estado. Para isso, foram coletadas amostras de solo, serrapilheira, folhas e amêndoas de cacau. As análises laboratoriais dos metais pesados foram realizadas e concluídas na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), sendo parte da tese de doutorado.

Além dessa amostra analisada, Tatiana verifica a presença de metais pesados nos solos de sistemas agroflorestais com cacau do tipo Cabruca e quantifica o carbono orgânico do solo, resultado que será divulgado em breve. A ideia é que a tese contribua para a consolidação do reconhecimento da região cacaueira da Bahia como “produtora de um cacau de alta qualidade, ambientalmente sustentável e seguro para os consumidores, alinhado com os princípios dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, defende Tatiana.

É importante destacar que o cacau é, também, um importante aliado na saúde humana. Há quem diga (a ciência) que ele possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. De acordo com a FAO, o cacau pode ajudar a combater o estresse e ainda ajudar a melhorar o humor. Então, a pesquisa contribui para o consumidor se sentir mais seguro ao adquirir uma produção da região cacaueira da Bahia. 

Um artigo científico fruto da pesquisa está disponível na Revista Chemosphere, periódico científico internacional.

Confira outras pesquisas no site do “Ciência na Uesb”

Galeria de fotos