EUROPA

UE conseguirá chegar a um acordo com Trump sobre tarifas?

Por Sputinik Brasil Publicado em 27/05/2025 às 11:04
© AP Photo / Stephen B. Morton

Autoridades europeias e norte-americanas iniciarão negociações nesta semana sobre a imposição de tarifas. No entanto, o caminho para a distensão continua complicado, de acordo com a mídia dos EUA.

Em 25 de maio, Trump adiou a entrada em vigor das tarifas de 50% que impôs ao bloco até 9 de julho. Autoridades de ambos os lados do Atlântico viram esse anúncio como uma oportunidade para impulsionar as negociações e chegar a um acordo comercial.

No entanto, observou o The New York Times (NYT), os Estados Unidos e a União Europeia (UE) ainda têm prioridades diferentes, o que pode permanecer sendo um obstáculo para alcançar um consenso no curto prazo.

Os negociadores europeus têm relutado em aceitar muitas das frequentes demandas de Trump, enfatizou o jornal.

"O governo Trump pressionou os países europeus a mudarem seus sistemas de impostos sobre o consumo, algo que as autoridades deixaram claro que não está em pauta", afirmou o jornal norte-americano.

Segundo o jornal, os negociadores de Trump também querem que a Europa reverta as principais regulamentações digitais que afetam as mídias sociais e as empresas de tecnologia, algo que os formuladores de políticas da UE disseram que não vão fazer.

Por sua vez, os negociadores europeus esperavam reverter as tarifas generalizadas que entraram em vigor em abril. Mas autoridades do governo Trump deixaram claro que os atuais 10% são provavelmente o novo limite inferior para as tarifas, informou o NYT.

O porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill, afirmou que a UE continua a sugerir que ambos os lados poderiam reduzir as tarifas sobre produtos industriais a zero, frequentemente chamada de estratégia "zero por zero".

"Acreditamos que este é um ponto de partida muito atraente para uma boa negociação", disse Gill ao jornal norte-americano. "Certamente defenderemos esse argumento vigorosamente", acrescentou.

Gill também sugeriu que o bloco europeu está progredindo no refinamento das listas de tarifas retaliatórias, impostos que os países da região poderiam impor às importações dos EUA.

A UE revelou duas listas de produtos que podem ser alvos caso as negociações fracassem: uma no valor aproximado de US$ 23 bilhões (cerca de R$ 130,3 bilhões) e outra, de aproximadamente US$ 107 bilhões (mais de R$ 606,3 bilhões), que ainda está sendo finalizada.

Em relação ao bloco, uma fonte constante de frustração para Trump é o fato de a região vender mais produtos aos consumidores norte-americanos do que comprar de empresas dos EUA, informou o NYT.

O presidente da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, Bernd Lange, disse à emissora de televisão pública alemã ZDF que os negociadores europeus esperavam que as ofertas para reduzir o déficit comercial, por meio da compra de mais gás natural liquefeito (GNL) e microchips avançados dos EUA, ajudassem a convencer as autoridades norte-americanas a chegarem a um acordo.

"Mas mesmo com essas medidas, é improvável que eliminemos completamente o déficit comercial. Lange acrescentou que não acredita que possamos reduzir tudo a zero", acrescentou o jornal nova-iorquino.