O fortalecimento do intercâmbio técnico, político e institucional foi destaque nos debates da 1ª Assembleia Geral da Associação de Cidades e Municípios do BRICS+ (ACM BRICS+), na cidade de Maricá (RJ), nesta quarta-feira (27).

O evento que termina amanhã (28) reúne autoridades locais de 26 países, entre integrantes do BRICS e seus parceiros globais.

Esta edição da assembleia é organizada pela Associação Brasileira de Municípios (ABM), presidida pelo prefeito de Maricá, Washington Quaquá (PT-RJ), que abriu os trabalhos. Ele falou da importância de se discutir os problemas mundiais localmente em um momento de mudanças de paradigmas e garantiu que o BRICS é o motor de uma nova humanidade:

"Essa ordem mundial hegemônica está acabando. Ordem de um sistema egoísta que se construiu nas guerras, nas armas, impondo uma hegemonia através da força e tem tudo para ser ser substituído por um mundo mais justo, mais multipolar, mais aberto e tolerante que consiga incorporar todas as culturas, respeitando cada um dos países com suas culturas e sua maneira de encarar a sociedade" declarou ele.

O prefeito de Maricá também criticou organismos como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que querem impor o Ocidente como exemplo de humanidade:

"Precisamos construir um mundo onde os acordos internacionais sejam respeitados, onde a OTAN não tente tomar conta da Europa como se fosse tudo território americano. Onde nós possamos respeitar uns aos outros".

O anfitrião afirmou que o evento de governos locais do BRICS é solo fértil para se construir esse mundo novo coletivamente.

"Para que possamos trocar experiência culturais, organizar investimentos públicos, trocar tecnologia de maneira integrada e que cada um possa avançar e que todos os países façam parte de um mundo com tecnologia avançada, saibam criar riquezas e compartilhar essas riquezas com sua população".

Entre as autoridades presentes esteve o prefeito de Kazan, na Rússia, e atual presidente da Associação de Cidades e Municípios do BRICS, Ilsur Metshin, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Ele ressaltou a importância geopolítica do Brasil ao se aliar a países como Rússia, China, África do Sul e Índia.

"Num mundo em que a geopolítica muda, as relações mudam, e acho que é fundamental que as cidades possam acompanhar também isso. No final do dia, as pessoas moram nas cidades. Portanto, esse encontro aqui é muito importante para dialogar com as cidades dos países do BRICS", disse Paes, ao acrescentar que "as relações hoje se dão muito mais entre cidades do que entre países".

Uma carta com o posicionamento das cidades e municípios do BRICS será entregue posteriormente por Quaquá e Ilsur Metshin a chefes de governo e de Estado.

A importância das cidades para pautar e liderar grandes mudanças globais esteve no cerne dos debates. O evento também ofereceu sessões de trabalho com lideranças municipalistas da América Latina sobre alianças, agendas comuns e protagonismo dos territórios nas grandes transições contemporâneas, climática, social, econômica e digital.

A Assembleia constitui o principal espaço deliberativo e de articulação da Associação de Cidades e Municípios do BRICS+. Tem o objetivo de aprimorar o autogoverno local, coordenar esforços de seus membros no âmbito da administração municipal, e defender os interesses dos governos locais no palco internacional.

Lançada em 2024 em Kazan, na Rússia, a iniciativa promove o compartilhamento de conhecimentos e o desenvolvimento de parcerias entre governos locais, para o desenvolvimento sustentável e a boa governança.

Por Sputinik Brasil