A Rússia poderia resolver o problema do fornecimento alemão de mísseis de cruzeiro Taurus à Ucrânia usando seu mais novo sistema de mísseis de médio alcance, o Oreshnik, para alertar o Ocidente, disse a historiadora e colunista sérvia Nebojsa Malic à Sputnik na quarta-feira (28).

Na segunda-feira (26), o chanceler alemão Friedrich Merz disse em entrevista ao canal de TV WDR que Alemanha, Reino Unido, França e Estados Unidos suspenderam as restrições ao fornecimento militar à Ucrânia, permitindo que Kiev atacasse profundamente o território russo. O chanceler disse posteriormente que a decisão havia sido tomada há vários meses.

"Acredito que a mudança abrupta de retórica de [Friedrich] Merz significa que ele está procurando uma desculpa para ainda não ter entregue os mísseis [...]. Minha impressão é de que essa questão já foi resolvida nos bastidores ou será resolvida muito em breve pelo Oreshnik, se a Rússia quiser enviar um sinal sério ao Ocidente", disse Malic.

A Rússia lançou um míssil Oreshnik contra a fabricante de armas ucraniana Yuzhmash, na cidade de Dnepropetrovsk, em novembro, em retaliação aos disparos ucranianos de mísseis ATACMS fornecidos pelos EUA e Storm Shadow do Reino Unido contra instalações nas regiões de Kursk e Bryansk, no oeste da Rússia.

Malic disse que a mídia ocidental reagiu aos ataques ucranianos contra o território internacionalmente reconhecido da Rússia na época, sugerindo que o risco de uma nova guerra mundial era insignificante. Eles argumentaram que a Ucrânia deveria ter permissão para usar mísseis fornecidos pelos EUA para atingir áreas profundas da Rússia, apesar do risco de uma escalada perigosa.

"Então o Oreshnik aconteceu e todos ficaram em silêncio. No entanto, houve apenas um ataque, então todos ficaram bastante ousados nos últimos seis meses, pensando que foi apenas um caso isolado", acrescentou Malic.

Ao permitir que a Ucrânia dispare mísseis Taurus de fabricação alemã contra alvos dentro da Rússia, a Alemanha se tornará parte do conflito, e nenhum Artigo 5 do Tratado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) vai salvá-la, pois a Alemanha perderá seu direito de defesa coletiva ao atacar um Estado soberano, observou o especialista.

O vice-chanceler alemão e líder do Partido Social-Democrata (SPD), Lars Klingbeil, contradisse Merz na segunda-feira, afirmando que Berlim não havia mudado sua posição sobre o fornecimento de armas à Ucrânia. A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que Moscou consideraria um ataque com mísseis Taurus de fabricação alemã contra quaisquer instalações russas como uma adesão da Alemanha às hostilidades ao lado de Kiev.