Condenado a 10 anos por estupro, Kel Ferreti tem pedido de liberdade negado

A Justiça de Alagoas negou, nesta quinta-feira, 29, o pedido liminar de liberdade do influenciador digital Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como Kel Ferreti. A decisão é do desembargador João Luiz Azevedo Lessa e refere-se ao processo em que Kel foi condenado a 10 anos de reclusão por estupro contra uma mulher em um quarto de hotel.
A defesa de Ferreti argumentava que a custódia era ilegal e imotivada. Porem, o desembargador considerou que a prisão foi justificada por elementos concretos, como a extrema violência do ato praticado contra a vítima e o risco à ordem pública, decorrente de outro processo criminal pendente contra o influenciador.
Na decisão, o desembargador relator destacou ainda que a concessão de liberdade em caráter de urgência é medida excepcional e concluiu que, ao contrário do alegado pela defesa, foram apresentados argumentos concretos para a manutenção da custódia cautelar.
O magistrado afirmou que as condições subjetivas favoráveis do réu, por si só, não são suficientes para revogar a prisão cautelar, conforme entendimento consolidado.
O caso
O Ministério Público de Alagoas (MPAL) denunciou o ex-policial militar e influenciador digital Kel Ferreti por estupro contra uma mulher. O crime teria acontecido no dia 16 de junho deste ano, em uma pousada no bairro de Cruz das Almas, orla de Maceió.
Segundo o inquérito, a vítima teria conhecido Kel em um aplicativo de mensagens que divulgava jogos de apostas. “Quando a vítima entrou no grupo em questão, logo foi chamada pelo denunciado no privado, o qual solicitou os dados bancários da vítima para que o pix fosse feito; ao invés do depósito do valor de R$ 50,00 que comumente o denunciado fazia para os integrantes do grupo, o denunciado fez um pix no valor de R$ 100,00 em favor da vítima”, diz trecho do documento.
Nos dias seguintes, o suspeito teria continuado a conversar com a mulher, chegando a perguntá-la “quanto esta cobrava para ficar com ele, ao que a vítima informou que não era garota de programa”. Na sequência das conversas, o denunciado deu a entender que a vítima precisaria "dar coisas em troca" para ter acesso a mais dinheiro, sendo, ainda, instruída a mandar fotos e vídeos para ele.
“Durante as conversas, o denunciado chegou a perguntá-la se ela (vítima) gostava de ‘levar tapas durante o ato sexual’, e que ele (denunciado) gostava de tal prática, porém a esposa dele não gostava, ao que a vítima, que imaginava se tratar de tapinhas leves, afirmou que ‘gostava’, chegando a brincar afirmando ‘assim vou sair de costela quebrada’", consta no inquérito.
No dia 16 de junho, a vítima teria se encontrado com Kel na pousada. Ela relatou que o suspeito a beijou e mordeu seus lábios de forma agressiva e que ele “chegou a dar socos nas costelas e no quadril da vítima, além de ter desferido tapas fortes no rosto da vítima; um golpe com a mão fechada chegou a pegar de raspão no rosto (lado esquerdo) da vítima”. De acordo com os autos, ele teria forçado relações com a denunciante, machucando-a.
A vítima teria demonstrado sentir dor e “tentado se afastar do denunciado, porém, com medo da violência do referido e que este pudesse matá-la, não chegou a verbalizar o pedido de parada, porém ficou em choque, apenas aguardando que o ato acabasse o quanto antes. Durante isto, a vítima chorou bastante durante o ato, mas, mesmo vendo o choro compulsivo da referida, o denunciado continuou o ato sexual”.
Quando a mulher reclamou da violência, o suspeito teria alegado, ainda: "mas você gosta de apanhar" e dado mais dois tapas no rosto da vítima, além de ter segurado o pescoço da referida, estrangulando-a. A vítima relatou, ainda, que "imaginava que iria morrer" e tinha a sensação de que iria desmaiar.
A denúncia acrescenta que “ao terminar os atos de estupro, o denunciado vestiu a roupa e logo se despediu da vítima, afirmando que tinha cerveja e que ela poderia beber/ingerir, tendo, ainda, perguntado se ela teria gostado 'do Kell Ferreti' (referindo-se a si mesmo em terceira pessoa)”.
Nos dias seguintes, a vítima registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Virtual e contou a situação para dois colegas, sendo instruída a buscar ajuda na Sala Lilás. “Cinco dias depois do fato, a vítima foi até o Hospital da Mulher para ser atendida, e chegou a mandar para o denunciado fotos do estado dela após o ato sexual agressivo, ao que o denunciado afirmava que ela devia 'pôr gelo no local' e que ele era 'policial', de forma que já tinha 'batido muito em bandidos e que sabia a força que usava', desprezando, então, os relato de violências por parte da vítima”, conta o inquérito.