EUROPA

Merz usa a Rússia para 'marcar pontos' em meio a problemas econômicos na Alemanha, diz parlamentar

Publicado em 31/05/2025 às 00:12
© AP Photo / Martin Meissner

A retórica agressiva do chanceler alemão Friedrich Merz em relação à Rússia é uma tentativa desesperada de posicionar a Alemanha como uma forte líder europeia e marcar pontos no campo da política externa em meio às dificuldades econômicas que o país está enfrentando, disse o parlamentar alemão Eugene Schmidt à Sputnik.

Na última quarta-feira (28), Merz afirmou em uma coletiva de imprensa com o presidente ucraniano Vladimir Zelensky que a Alemanha apoiaria a Ucrânia no desenvolvimento de suas próprias armas de longo alcance. Anteriormente, o chanceler já havia afirmado que a Alemanha, o Reino Unido, a França e os Estados Unidos suspenderam as restrições a ataques em território russo.

"Enquanto o país luta contra a recessão e a devastação econômica, o governo está recorrendo à retórica de confronto como uma distração de questões internas urgentes. Merz está tentando marcar pontos em algum lugar na arena da política externa fazendo declarações bastante agressivas sobre a Federação da Rússia", disse Schmidt.

O parlamentar opinou que, como a União Europeia enfrenta desafios não apenas em relação à Rússia, mas também à China e, recentemente, os Estados Unidos, a necessidade de consolidação dentro do bloco é muito forte.

"Há um pedido para consolidar e resistir de alguma forma, e os discursos agressivos de Merz são uma tentativa de posicionar a Alemanha como uma líder forte na Europa", disse ele.

O governo alemão permite tais ações assumindo que o risco de uma resposta proporcional de Moscou e de uma escalada é baixo e que "eles estão preparados para correr o risco", acrescentou o legislador.

Essa crença está enraizada em percepções históricas da resposta da Rússia às ações hostis do Ocidente, afirmou o parlamentar.

"Dizem que a Rússia sempre traçou linhas vermelhas para nós, e nada aconteceu e nada acontecerá desta vez", ressaltou Schmidt.

Segundo ele, ao mesmo tempo, a falta de transparência sobre se os mísseis de cruzeiro Taurus de fabricação alemã serão incluídos nos novos lotes de ajuda militar à Ucrânia reflete a ambiguidade sobre o assunto, que está presente na liderança do país.

"[Isso] levanta questões sobre as verdadeiras intenções da Alemanha e sua disposição de se envolver em uma corrida armamentista potencialmente crescente", finaliza Schmidt.


Por Sputinik Brasil