JUNHO VIOLETA

Novas técnicas regularizam a curvatura da córnea com ceratocone

A Dra. Thaís Borges explica que, além da hereditariedade, esfregar os olhos com frequência também contribui para o desenvolvimento da doença, geralmente diagnosticada na adolescência

Publicado em 04/06/2025 às 10:22
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Lembrado pela campanha Junho Violeta, o ceratocone é uma doença ocular que altera o formato da córnea, a camada transparente localizada na frente do olho. A córnea, que normalmente é ovalada e em forma de cúpula, fica mais fina e começa a apresentar uma saliência em forma de cone em sua parte central. Essa deformação vai aumentando com o tempo e causa diversos prejuízos à visão, pois afeta a forma como a luz entra no olho.
 
A Dra. Thaís Borges, oftalmologista do H.Olhos, Hospital de Olhos da rede Vision One, alerta que o ceratocone pode avançar de forma silenciosa e chama a atenção para os principais sintomas:
 
- visão embaçada e distorcida;
- enxergar halos ao redor das luzes;
- visão dupla;
- coceira nos olhos;
- vermelhidão;
- lacrimejamento;
- sensibilidade à luz;
- dificuldade para enxergar à noite;
- mudança de grau com frequência.
 
A causa exata do ceratocone é desconhecida, mas a doença tende a ser mais prevalente em pessoas que possuem casos na família. Outro fator de risco importante é coçar ou esfregar a região ao redor dos olhos com frequência, para aliviar coceira ou desconforto. Por isso, quem sofre de alergias ou tem conjuntivite alérgica, deve ficar atento e não coçar os olhos.
 
A oftalmologista esclarece que “o atrito causado pela fricção excessiva do olho pode enfraquecer e romper as fibras da córnea, responsáveis por manter sua estrutura. Além disso, a coceira pode estimular a liberação de mediadores inflamatórios que vão piorar o quadro”. Para aliviar a coceira, a médica recomenda aplicar compressas de água fria na área dos olhos, utilizar um colírio lubrificante e tomar um antialérgico.
 
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia estima que, a cada ano, 150 mil brasileiros desenvolvem ceratocone, uma doença que não tem cura e que, sem os cuidados adequados, pode provocar cegueira. O diagnóstico costuma ocorrer entre os 10 e os 25 anos de idade e, de acordo com a Dra. Thaís Borges, “o tratamento pode incluir o uso de óculos ou de lentes de contato especiais para melhorar a visão. Já para os casos mais avançados, hoje existem técnicas modernas para estabilizar a córnea e evitar a progressão da doença”.
 
“Uma delas é o crosslinking corneano, procedimento cirúrgico minimamente invasivo que combina riboflavina (vitamina B2) e aplicação de luz ultravioleta na córnea, a fim de fortalecer e estabilizar as fibras de colágeno. Depois o paciente fica por cerca de uma semana com uma lente terapêutica que age como uma espécie de curativo sobre a córnea”, complementa a médica. Outro recurso para melhorar a visão e regularizar a curvatura da córnea, quando os óculos e as lentes não surtem mais efeito, é a implantação do anel intracorneano, um dispositivo rígido que é posicionado dentro da córnea.
 
Nos quadros mais graves, quando há cicatrizes na córnea ou a visão está muito comprometida, o transplante de córnea pode ser necessário. A oftalmologista explica que “além das técnicas tradicionais, hoje já existem abordagens mais modernas que permitem substituir apenas camadas específicas da córnea, preservando ao máximo a estrutura original do olho e reduzindo o tempo de recuperação”.
 
“Em algumas situações, pode-se utilizar partes ultrafinas da córnea doadora, para recuperar a curvatura e a transparência da córnea do paciente. Essas técnicas avançadas têm trazido resultados promissores e ampliado as opções de tratamento para quem convive com o ceratocone em estágio avançado”, finaliza a Dra. Thaís Borges.