Brasil é protagonista global no combate à fome e à pobreza, diz ministro Wellington Dias (VÍDEOS)

Em entrevista à Sputnik Brasil, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, detalhou o papel do Brasil na criação e liderança da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Segundo ele, a iniciativa nasce do reconhecimento de que o mundo fracassou nas metas 1 e 2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) — a erradicação da pobreza e a fome zero — e precisa de uma nova rota até 2030.
"A Aliança Global é fruto de um entendimento, um entendimento que tinha como princípio colocado na mesa ainda do G20, pelo presidente Lula na presidência do G20. O mundo, de certa forma, fracassou em relação à meta 1 e 2 dos objetivos do desenvolvimento sustentável, a meta de erradicação da pobreza e o da fome zero."
Segundo o ministro, citando relatórios da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2015 havia 600 milhões de pessoas em insegurança alimentar. Em 2022, esse número subiu para 750 milhões. Mesmo com os efeitos da pandemia e de outras crises, ele aponta que o Brasil tem se destacado como referência mundial.
"O Brasil é um país que é reconhecido como referência em políticas que garantem a condição de eficiência na redução da fome e ao mesmo tempo a superação da pobreza."
O país, segundo Dias, tem atuado como mediador entre experiências bem-sucedidas de diversos países e organismos internacionais, como o Banco Mundial, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O objetivo, segundo ele, é construir um novo pacto global pela inclusão social.
"O papel do Brasil foi exatamente de mediar para que a gente tivesse, de um lado, a aliança, o compromisso para novamente entrar na prioridade do mundo e chegarmos em 2030 reduzindo fome e, é claro, reduzindo a pobreza."
Durante sua visita a Doha, no Catar, o ministro negociou com a ONU a realização da Cúpula Social, marcada para dezembro. Um dos destaques será a primeira reunião da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. "Estive em Doha e ali tratamos com toda a coordenação desse encontro que tem um entendimento com a ONU, é um encontro inédito."
"É a primeira vez que a ONU se desloca de Nova Iorque para uma outra região do mundo e ali em Doha, no Catar, teremos a cúpula social."
O Brasil, que copreside a Aliança ao lado da Espanha, também prepara para setembro a Conferência da América Latina e do Caribe como etapa preparatória para Doha. Para Dias, a integração entre políticas sociais e compromissos ambientais é essencial.
"Claro que também apoiamos a pauta colocada com a preocupação com a juventude, a primeira infância, com as mulheres, a garantia também de uma integração entre o social e o compromisso ambiental, ou seja, como trabalhar um crescimento econômico que também seja inclusive em todo o planeta."
O que é o Cadúnico?
No centro dessa política está o Cadastro Único, ferramenta brasileira que passou por um processo de modernização e já serve de modelo para mais de 90 países, segundo o ministro Wellington Dias. O Cadúnico é a principal ferramenta do governo federal para identificar famílias brasileiras de baixa renda e saber suas condições de vida, vinculado aos programas e benefícios sociais.
Com ele, diz, o governo conseguiu retirar do sistema mais de quatro milhões de cadastros irregulares e ampliar a precisão das políticas públicas. "Retiramos o cadastro de cerca de 4,1 milhões de cadastrados que tinham fraudes ou irregularidades. Eu digo que ainda podemos melhorar, mas estamos muito próximos de 100% de eficiência."
Os resultados, segundo o ministro, são expressivos. A insegurança alimentar foi reduzida em 85%, e indicadores como pobreza extrema, desigualdade e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) apresentaram melhora significativa.
"A pobreza que estava em 37% caindo para a casa de 25% da população brasileira. Isso aqui é recorde dentro do Brasil, é uma marca histórica [...] o Índice Gini chegando a 0506, estava em 2021 em 0544 e agora com essa forte redução."
Paz mundial tem relação com a fome?
Dias destacou ainda a necessidade de enfrentar as causas estruturais da pobreza, com incentivo ao empreendedorismo, políticas de cuidados e uma articulação internacional mais sólida. "O mundo não terá paz, o mundo não terá uma condição pacífica sobre, por exemplo, a política migratória enquanto não resolver o problema da fome e da pobreza."
Segundo ele, a Aliança Global estabelece que cada país elabore seu próprio plano de Estado, com apoio técnico, financeiro e político dos demais membros — já são quase 200.
"E é isso que colocou a Aliança, garantir, por exemplo, apoio financeiro, quer dizer, cada país faz um plano de Estado, já são quase 200 membros na Aliança."
No fim, o ministro ressaltou o papel do Brasil como liderança nesse processo e reforçou o compromisso do governo com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
"Queremos um mundo com paz, queremos um mundo, é, com uma qualidade de vida maior para todas as pessoas, ali nós temos que levar muito adiante, né, os objetivos do desenvolvimento sustentável e especialmente o objetivo 1 e 2 que trata exatamente da erradicação da pobreza e da fome zero. E nisto contem com o Brasil."