RÉU CONFESSO

MP pede transferência de júri de feminicídio no interior de Alagoas por risco à imparcialidade

Por Cinara Corrêa Publicado em 13/06/2025 às 11:46

O Ministério Público de Alagoas (MPAL) solicitou a transferência do julgamento de um caso de feminicídio ocorrido no interior do estado, temendo que o júri local não consiga garantir a imparcialidade necessária ao processo. O pedido foi divulgado nesta sexta-feira (13).

A medida se refere ao assassinato de Mônica Cristina Alves Barros, morta em junho de 2023, em frente ao Fórum de São José da Tapera. O réu, Leandro Pinheiro Barros, marido da vítima, é confesso no crime e responderá por homicídio triplamente qualificado.

Segundo o MPAL, a primeira fase do processo já foi concluída. O promotor de Justiça local, Fábio Nunes, solicitou formalmente o desaforamento — transferência do julgamento para outra comarca — por entender que o caso gerou grande repercussão na cidade e que o círculo de amizades do acusado poderia comprometer a isenção dos jurados.

"O Ministério Público entendeu que, pela repercussão do caso e pelo grande ciclo de amizades do réu na cidade, além de fundadas suspeitas de que os jurados não agiriam com imparcialidade, o julgamento deve ocorrer em outra comarca", afirmou o promotor.

Outro fator que reforça o pedido, segundo Fábio Nunes, é que alguns familiares de Leandro Barros já tiveram ou ainda mantêm envolvimento com atividades criminosas, o que poderia aumentar a pressão sobre o tribunal local.

Relembre o caso

O crime aconteceu no dia 18 de junho de 2023. Na ocasião, Mônica Cristina e Leandro Pinheiro haviam participado de uma festa. Poucas horas antes de ser assassinada, Mônica gravou um vídeo no qual relatava viver um relacionamento abusivo, marcado por agressões físicas e psicológicas.

Nas imagens, a vítima aparece assustada, caminhando em um local escuro e dizendo tentar se esconder do marido. Ela também afirmou que, se algo lhe acontecesse, o responsável seria o próprio esposo.

A tragédia se consumou logo depois. Mônica foi morta a poucos metros do Fórum de São José da Tapera. Após o crime, Leandro Pinheiro tentou fugir, mas o MPAL ofereceu denúncia antes mesmo da execução de sua prisão e solicitou a decretação de sua prisão preventiva.

Agora, o Ministério Público aguarda a decisão judicial sobre a transferência do júri, com o objetivo de assegurar um julgamento justo e imparcial para o caso.