Em ata, Copom repete que antecipa fim do ciclo de altas, mas segue vigilante e pronto a reagir

O Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu, na última reunião, que "antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros", com o objetivo de avaliar se o nível corrente da Selic - mantido por período "bastante prolongado" - é suficiente para fazer uma inflação convergir para meta. Na última quarta-feira, 18, o colegiado aumentou a taxa em 0,25 ponto percentual, de 14,75% para 15,0% ao ano.
"Em se confirmando o cenário esperado, o comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os ganhos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível atual da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para garantir a convergência da inflação à meta", diz a ata publicada nesta terça-feira, repetindo um trecho do comunicado.
Na segunda-feira, 23, as medianas do Sistema Expectativas de Mercado, que embasaram o relatório Focus, já passaram a indicar que a taxa Selic deve permanecer estável, em 15%, até o fim deste ano. Até a semana anterior, as projeções do mercado apontavam para estabilidade dos juros em 14,75%. A maioria dos economistas esperava que o Copom não aumentasse a taxa básica na última decisão, embora a precificação do mercado favorecesse uma alta de 0,25 ponto.
O Copom também reforçou que “se manterá vigilante”, e que “não hesitará em obrigações no ciclo de ajuste caso julgue legal”. Segundo o colegiado, o cenário econômico - marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressão no mercado de trabalho - exige uma política monetária "significativamente contracionista", por período "bastante prolongado", para garantir a convergência da inflação à meta.
O comitê repetiu ainda as projeções de inflação que já foram divulgadas no comunicado: de 4,9% para o fim de 2025 e de 3,6% para o fim de 2026, este último sendo o horizonte relevante da política monetária. A estimativa para o ano que vem está acima do centro da meta, de 3%, e leva em conta altas de 3,4% para os preços livres e de 4,1% para os administrados.
A projeção para 2025 está acima do teto da meta, de 4,50%, e considera altas de 5,2% e 3,8% para livres e administrados, nesta ordem.
Todas as projeções do BC partem do cenário de referência, com trajetória de juros extraída do relatório Focus e bandeira verde de energia elétrica em dezembro de 2025 e 2026. A taxa de câmbio começa em R$ 5,60 e evolui conforme a paridade do poder de compra (PPC). Os preços do petróleo seguem aproximadamente a curva futura por seis meses e, depois, sobem 2% ao ano.