Sorriso abre portas? Estudo da Uesb investiga influência da estética dentária no mercado de trabalho

Um sorriso pode abrir portas no mercado de trabalho? Foi com essa inquietação que uma equipe de pesquisadores da Uesb decidiu investigar até que ponto a aparência dentária influencia nas chances de uma pessoa ser contratada. Liderada pelo professor Matheus Pithon, do curso de Odontologia, a pesquisa confirma: candidatos com sorriso ideal tendem a ser percebidos como mais inteligentes, confiáveis e aptos para o emprego.
Intitulado “A estética dentária tem alguma influência na procura de emprego?”, o estudo investigou como a estética dentária interfere na percepção de recrutadores sobre características como honestidade, inteligência e competência profissional. A pesquisa foi desenvolvida com o apoio de uma equipe interdisciplinar, composta por Caroline Nascimento, estudante de Odontologia; George Caíque Barbosa, estudante de Sistemas de Informação; e o professor Raildo Coqueiro, da Uesb. A colaboração entre áreas distintas permitiu a integração de conhecimentos técnicos e sociais fundamentais para a qualidade do estudo.
A motivação para o estudo surgiu da própria realidade social e econômica do país. “O que nos motivou foi o fato de estarmos vivenciando uma fase econômica difícil no Brasil, atrelado ao fato de o nosso grupo de pesquisa trabalhar com a linha de percepção estética e social do tratamento ortodôntico”, explica Matheus.
Como foi realizada a pesquisa – O estudo contou com a colaboração de responsáveis por setores de Recursos Humanos de empresas vinculadas ao Clube de Dirigentes Lojistas (CDL) dos municípios de Jequié e Vitória da Conquista. Para avaliar a influência do sorriso na tomada de decisão, os pesquisadores apresentaram imagens de candidatos, algumas com sorrisos considerados ideais, outras com alterações estéticas dentárias, e pediram que os avaliadores respondessem a um questionário sobre a impressão causada por cada pessoa.
“Optou-se por utilizar imagens pela facilidade de alterá-las digitalmente corrigindo o sorriso”, detalha Matheus. A aplicação do questionário foi acompanhada de todos os cuidados éticos, conforme destacou o pesquisador: “o questionário foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e houve consentimento livre e esclarecido de todos os pacientes cujas fotos foram utilizadas”.
Pessoas com sorriso ideal foram consideradas mais inteligentes e com maior potencial de contratação em comparação com aquelas com sorriso não ideal. “A aparência física, em especial o sorriso, influencia em processos seletivos”, reforça o pesquisador.
Próximos passos – Novos estudos já estão em andamento e buscam aprofundar a análise, incorporando outras variáveis como raça, gênero e diferentes aspectos da aparência. A proposta é ampliar o debate sobre equidade e percepção social no mercado de trabalho.
Para Matheus, levar esse tipo de pesquisa ao conhecimento público é essencial. “Avalio de elementar importância, uma vez que os resultados de estudos como esse, além do propósito acadêmico, têm o propósito social, ou seja, de mudar e melhorar a sociedade na qual vivemos”, finaliza.