PALMEIRA DOS ÍNDIOS

Após protesto, Prefeitura de Palmeira se reúne com indígenas, mas ausência de Luísa Duarte gera frustração; áudio

Município promete obras emergenciais e responsabiliza Funai por atraso em creches; lideranças dizem que prefeita “não atendeu a comunidade”

Por Redação Tribuna do Agreste Publicado em 17/07/2025 às 13:25

Dois dias após a ocupação da sede da Prefeitura de Palmeira dos Índios por indígenas da Aldeia Fazenda Canto, representantes da gestão municipal se reuniram nesta quinta-feira (17) com lideranças da comunidade Xukuru-Kariri para discutir as reivindicações apresentadas no protesto. A prefeita Luísa Duarte, embora se autodeclare indígena, não participou do encontro — ausência que gerou frustração e críticas entre os manifestantes.

“Estamos aqui na Fazenda Canto. Já voltamos. Ela [Luísa Duarte] não atendeu a gente, não. Quem atendeu foi o secretário de Urbanismo, outro secretário lá que nem sei quem é, o presidente da Câmara, Fidelis Monteiro, e o advogado da prefeitura”, relatou uma das lideranças indígenas em áudio enviado à reportagem da Tribuna do Sertão.

A reunião contou com a presença do procurador-geral do município, Klenaldo Oliveira, que representou a prefeita, além do presidente da Câmara Municipal, Madson Monteiro, e secretários ligados às áreas de infraestrutura, educação e assistência social.

Promessas com ressalvas e sem prazos

Entre os pontos discutidos, esteve a principal demanda do protesto: o calçamento e a drenagem da ladeira de acesso à Aldeia Fazenda Canto, que se encontra em condições precárias. O município afirmou que a Secretaria de Urbanismo fará uma intervenção emergencial com piçarramento nos trechos mais críticos, mas não apresentou um cronograma nem previsão de obra definitiva.

No caso das creches indígenas, o procurador explicou que o processo de licitação já foi concluído e a empresa contratada, mas que a execução está travada por falta de autorização da Funai, solicitada ainda em 2024 e não respondida até o momento.



Ação itinerante e desconfiança nas promessas

Foi anunciada também uma ação itinerante em parceria com o Judiciário, prevista para agosto, com oferta de serviços de saúde, educação, assistência social e cidadania diretamente nas aldeias. A medida, embora positiva, foi recebida com cautela pelas lideranças, que reclamam da falta de presença efetiva da prefeita nas comunidades e da ausência de políticas públicas estruturais.

O procurador destacou que a atual gestão já realizou calçamentos em comunidades como Serra do Candará e Tabacaria, ambas em território indígena. No entanto, os líderes da Fazenda Canto contestam o argumento, alegando que a comunidade segue esquecida e fora das prioridades da gestão Luísa Duarte.

“Só isso. Só isso”, concluiu a liderança indígena em tom de desânimo após o encontro com representantes da prefeitura.

A Tribuna do Sertão segue acompanhando os desdobramentos.

Ouça o áudio da liderança e veja os vídeos do protesto em:

Áudios