COMÉRCIO

Exportação de frutas brasileiras aos EUA corre sério risco após nova tarifa de 50%, diz mídia

Por Sputinik Brasil Publicado em 20/07/2025 às 07:14
© Foto / Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Cerca de 77 mil toneladas de frutas brasileiras estão ameaçadas pelo tarifaço dos EUA. A medida, que entra em vigor em agosto, pode causar prejuízos milionários, afetar empregos e comprometer exportações de produtos como manga e suco de laranja.

A nova tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros ameaça cerca de 77 mil toneladas de frutas destinadas aos Estados Unidos. A medida, válida a partir de 1º de agosto, já levou à suspensão de embarques de diversos produtos, incluindo frutas, grãos, pescados e carnes.

O impacto é especialmente grave para o setor de frutas, segundo dados do G1. Os principais volumes afetados são 36,8 mil toneladas de manga, 18,8 mil de frutas processadas (especialmente açaí), 13,8 mil de uva e 7,6 mil de outras variedades. Esses produtos já estão prontos para embarque em cerca de 2,5 mil contêineres, e aguardam por uma resolução diplomática para o caso.

Essa quantidade seria suficiente para abastecer, durante um ano inteiro, as populações de cidades como Salvador, Manaus e Recife. Caso fosse convertida em suco, o volume total alcançaria 38,5 milhões de litros — o bastante para servir um copo a mais de 192 milhões de pessoas, segundo a apuração.

Os produtores do Vale do São Francisco, principal polo frutícola do Brasil, enfrentam as maiores dificuldades. Se o impasse continuar, há risco de impacto nas safras seguintes, com potencial para redução de investimentos, demissões e colapso logístico em todo o setor.

A manga, principal fruta brasileira in natura exportada para os EUA, vive um cenário especialmente delicado. O período de embarques, entre agosto e outubro, coincide com a entrada em vigor da tarifa, tornando urgente uma solução. O presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, alerta para o risco de desemprego e perda da produção, diante da dificuldade de redirecionamento para outros mercados.

Coelho destaca que enviar os produtos ao mercado interno causaria saturação e queda de preços, e que não há estrutura logística para transferir rapidamente os embarques para a Europa. O setor vive um momento de insegurança e pede ação imediata por parte das autoridades brasileiras e norte-americanas.

O problema se estende à cadeia de sucos cítricos. Segundo dados da CitrusBR, o suco de laranja exportado aos EUA gerou mais de US$ 1,3 bilhão na safra de 2024/2025. Com o aumento de 533% na taxação, esse comércio se torna inviável, ameaçando também os produtores e a indústria cítrica brasileira.

Diante do cenário, o governo federal orientou as empresas brasileiras a mobilizar seus compradores nos EUA e está tentando negociar o adiamento da tarifa por, pelo menos, 90 dias. A medida visa proteger o setor durante o início da nova safra e minimizar os prejuízos provocados pela disputa comercial.