Eduardo Bolsonaro nega renúncia, acusa 'perseguição' e cobra reação dos EUA contra STF

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) abordou seus planos para o mandato de deputado federal durante uma transmissão ao vivo publicada em seu canal no YouTube na tarde deste domingo (20). "De cara, adianto para vocês: não vou fazer nenhum tipo de renúncia. Se eu quiser, consigo levar o meu mandato pelo menos pelos próximos três meses", declarou.
Durante o vídeo, Eduardo, que é filho de Jair Bolsonaro e estava afastado temporariamente do cargo até este domingo, voltou a afirmar que está sendo vítima de perseguição. Ele também criticou duramente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, além de Flávio Dino e Luís Roberto Barroso.
"O sistema está me perseguindo por conta do meu trabalho. Se você um dia tiver dúvida: 'Poxa, de quem é essa criança bonita aí que está cancelando visto de ministro da Suprema Corte?' É do Eduardo Bolsonaro. Por isso estão com raiva vindo atrás de mim", afirmou, fazendo alusão à revogação de vistos de integrantes do STF pelos Estados Unidos.
Nesse sábado (19), Alexandre de Moraes declarou que Eduardo teria intensificado ações ilegais após medidas restritivas impostas a seu pai, Jair Bolsonaro — como o uso de tornozeleira eletrônica, restrições ao uso de redes sociais e proibição de contato com outros investigados. Em resposta, Eduardo classificou a situação como uma possível "humilhação" e apelou para que os Estados Unidos "mandem uma resposta" a respeito do caso.
Fora do cargo
Eduardo Bolsonaro anunciou a licença do cargo em 18 de março, uma semana antes do Supremo Tribunal Federal (STF) tornar Jair Bolsonaro, réu no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, com formação de organização criminosa.
Na ocasião, Eduardo afirmou que não iria "se submeter" ao "regime de exceção" que o país alegadamente estaria vivendo. Desde então, ele se tornou o principal articulador da ala bolsonarista em prol da defesa de Jair Bolsonaro junto ao governo do presidente estadunidense, Donald Trump.
Em 26 de maio, a Procuradoria-Geral da União (PGR) solicitou a abertura de uma investigação para apurar possíveis crimes de coação e tentativa de obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por parte de Eduardo Bolsonaro em sua articulação nos EUA. O pedido foi aceito pelo STF, que instaurou o Inquérito 4995/DF.
No sábado (19) o relator do inquérito, o ministro Alexandre de Moraes, concluiu que Eduardo Bolsonaro "intensificou as condutas ilícitas" após a ação da Polícia Federal (PF) deflagrada na sexta-feira (18), que incluiu a aplicação de tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro. Diante dessa conclusão, Moraes determinou que postagens e entrevistas concedidas por Eduardo Bolsonaro sejam incluídas no processo.
No mesmo dia, o parlamentar provocou Moraes, em postagem na rede social X, na qual aparece em uma foto ao lado de um representante do Departamento de Estado dos EUA, afirmando que o ministro "não pode fazer nada".
O deputado tornou a se manifestar sobre o assunto neste domingo (20), em postagem na plataforma, na qual afirmou que não está "foragido nos EUA", mas sim "protegido nos EUA".