ENTREVISTA

Após tragédia em Maceió, presidente da Braskem afirma: “Não vamos mais explorar sal”

Por Redação, com informações de Mariane Rodrigues (UOL) Publicado em 29/07/2025 às 21:19

Em entrevista ao videocast “UOL Líderes”, concedida nesta terça-feira (29), o presidente da Braskem, Roberto Ramos, afirmou que a empresa não irá mais realizar atividades de mineração, encerrando definitivamente a extração da salgema — substância cuja exploração por décadas causou a tragédia ambiental que afetou cinco bairros de Maceió (AL).

“Nós não vamos mais explorar sal. Fechamos as minas e nunca mais vamos nos envolver com essa atividade”, declarou o executivo ao UOL.

A Braskem foi responsabilizada pelo afundamento do solo nos bairros de Bebedouro, Mutange, Pinheiro, Bom Parto e parte do Farol, segundo laudos do Serviço Geológico do Brasil. A tragédia forçou a remoção em massa de milhares de moradores, deixou comunidades inteiras inabitadas e comprometeu a oferta de serviços públicos básicos.

Durante a entrevista, Ramos afirmou que a empresa suspendeu a mineração assim que foi oficialmente responsabilizada e iniciou um longo processo de preenchimento das cavernas abertas, que deve levar pelo menos 10 anos para ser concluído.

“Não pode ser feito rapidinho. Se você enche uma caverna aqui e não enche essa de cá, a pressão lateral pode desestabilizar a outra. A gente imagina que tem pelo menos dez anos pela frente”, explicou.

O processo de preenchimento envolve o uso de areia e água, de acordo com as condições geológicas de cada cavidade. Em algumas minas, será possível utilizar água sob pressão; em outras, somente areia será usada, para garantir a segurança estrutural.

Enquanto isso, moradores das comunidades conhecidas como Flexais de Cima e de Baixo, localizadas entre os bairros afetados, continuam reivindicando inclusão nos programas de compensação. Eles alegam que permanecem em uma região sem acesso a serviços essenciais, vivendo em isolamento forçado.

Com o encerramento definitivo da mineração, a Braskem busca minimizar os impactos de uma das maiores tragédias urbanas e ambientais do país — mas o processo de reparação ainda está longe do fim.