EUA

Tarifas prejudicam negócios e deixam fornecedores 'nervosos', diz empresário dos EUA à Sputnik

Por Sputinik Brasil Publicado em 01/08/2025 às 03:03
© Sputnik / Stringer / Acessar o banco de imagens

As altas tarifas impostas pelo governo Trump sobre produtos de outros países vão prejudicar a sustentabilidade dos negócios, e os fornecedores estão "muito nervosos", afirmou Mike Reed, proprietário da empresa Reed Printing, com sede na Califórnia, à Sputnik.

"Meus fornecedores estão muito nervosos. Tarifas altas vão prejudicar a sustentabilidade do nosso negócio. Eles têm receio de nos conceder prazos longos e estão exigindo pagamentos mais rápidos", disse Reed.

Por causa da volatilidade, os fornecedores temem ainda que sua empresa possa falir e deixar dívidas não pagas: "Isso é um problema real", declarou.

O empresário revelou ainda que sua empresa "quase assinou" um contrato com um fabricante de papel da Coreia do Sul, mas o fornecedor decidiu adiar as exportações aos EUA devido à incerteza sobre as tarifas.

"Como setor, conseguimos absorver um aumento nos preços até certo ponto, mas não conseguimos lidar com essa volatilidade e incerteza. Esse é o nosso principal problema agora. Nossos clientes não sabem o que esperar, nossos fornecedores estão nervosos", explicou.

Reed também demonstrou frustração com o fato de que décadas de excesso de regulamentação quase extinguiram a produção doméstica de papel. "Quase não existe mais fabricação nos EUA", acrescentou.

Segundo o empresário, muitos de seus clientes — como jornais e publicações locais — enfrentam dificuldades financeiras por causa da situação do mercado. Ainda assim, nessas condições, o único caminho é o aumento de preços, observou.

"Mal consigo dar aos meus clientes um aviso de 30 dias quando há reajuste. É muito difícil não saber, de um mês para o outro, quanto vai custar o seu produto", afirmou.

Em abril, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou um decreto impondo tarifas de importação "recíprocas" de 10%, com taxas mais altas para 57 países a partir de 9 de abril, com base nos déficits comerciais dos EUA.

Após mais de 75 países solicitarem negociações em vez de retaliações, a tarifa-base de 10% foi mantida por 90 dias, até 9 de julho. Dois dias antes do prazo, Trump prorrogou a suspensão das tarifas mais altas até 1º de agosto, mas notificou diversos países de que as alíquotas elevadas seriam aplicadas a partir dessa data.

E nesta quinta-feira (31), Trump assinou o decreto com a maioria das novas tarifas, que variam entre 10% e 41%, com exceção do Brasil, cujo documento foi divulgado na última quarta (30) com as taxas de 50%, a maior aplicada até o momento.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, pediu calma aos agentes do mercado, empresários e países, ressaltando que o governo Trump continuará negociando com seus parceiros comerciais nos próximos meses.