RELAÇÕES EXTERIORES

Especialistas defendem abertura comercial do Brasil para elevar crescimento do país, diz mídia

Por Sputinik Brasil Publicado em 17/08/2025 às 06:56
© Rovena Rosa/Agência Brasil

O Brasil permanece entre as economias mais fechadas do mundo, o que compromete sua produtividade, limita o crescimento e afasta o país das cadeias globais. Para especialistas, uma reforma gradual para integrar o país ao comércio internacional e impulsionar o desenvolvimento é necessária para mudar o quadro.

O Brasil enfrenta há décadas barreiras estruturais que limitam seu desenvolvimento e o bem-estar da população, sendo uma das economias mais fechadas do mundo. Com participação inferior a 1% no comércio global e fora das grandes cadeias de produção internacionais, o país sofre com baixa produtividade e crescimento estagnado, especialmente desde os anos 1980.

A produtividade por hora trabalhada cresceu apenas 0,5% ao ano entre 1981 e 2023, com destaque negativo para a indústria, que teve queda média de 0,3% ao ano, segundo dados oficiais. Enquanto a agropecuária avançou, o setor de serviços — responsável por 70% das horas trabalhadas — permaneceu praticamente estagnado. Sem ganhos de produtividade, o padrão de vida da população brasileira não melhora.

De acordo com a Folha de S. Paulo, o Brasil impõe tarifas elevadas, especialmente sobre máquinas e equipamentos, com alíquotas de até 11,5%, dificultando a modernização das empresas e a competitividade das exportações. Segundo economistas do Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP) ouvidos pela apuração, é urgente uma nova agenda de integração comercial internacional, pois o protecionismo se tornou um entrave ao desenvolvimento.

A manutenção de uma economia fechada, que antes impulsionou a industrialização, hoje afasta o Brasil dos níveis de produtividade de países como os EUA. Nos anos 1980, um trabalhador brasileiro produzia 46% do que um norte-americano; hoje, esse número caiu para 25,6%, o mesmo patamar de sete décadas atrás, segundo a Folha. O episódio do tarifaço de Donald Trump reforçou a necessidade de diversificação comercial.

Apesar de uma breve abertura nos anos 1990, o Brasil voltou a adotar políticas de substituição de importações. Enquanto outros países emergentes reduziram tarifas e se integraram às cadeias globais, o Brasil permaneceu estagnado. Em 2021, tinha a 13ª tarifa média mais alta do mundo, além de aplicar barreiras não tarifárias em 86% das importações.

Essas barreiras incluem regulamentos técnicos e burocracias alfandegárias que elevam os preços dos produtos importados em até 2,4 vezes. O sistema tarifário brasileiro é considerado uma "colcha de retalhos", com regimes especiais fragmentados como ex-tarifários, Zona Franca de Manaus e drawback, que favorecem grandes empresas e excluem pequenas e médias.

Ainda de acordo com a apuração, o protecionismo também afeta o acesso à tecnologia e à inovação. Produtos como celulares de última geração, veículos elétricos e painéis solares têm preços elevados devido às tarifas. Políticas como o Inovar-Auto não geraram inovação nem aumentaram o emprego. Há sinais de descontentamento no setor industrial, com disputas internas por insumos mais baratos e críticas às medidas protecionistas.

Para os especialistas ouvidos pela mídia, uma reforma comercial gradual, com redução das tarifas para uma média de 6% em quatro anos, reavaliação do Mercosul, adesão a acordos internacionais e maior inserção nas cadeias globais mudaria o rumo do comércio exterior. Embora haja risco de perda de empregos em alguns setores, estima-se uma geração líquida positiva. Para os economistas, é preciso aceitar que empresas ineficientes podem desaparecer para que o país avance.