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De falsas promessas à exploração: como o imperialismo europeu desconfigurou o Oriente Médio?

Publicado em 04/09/2025 às 22:04
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De falsas promessas à exploração: como o imperialismo europeu desconfigurou o Oriente Médio?Firmado pela França e pelo Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916, o Acordo de Sykes-Picot visava à partilha do Oriente Médio, em um cenário em que as duas potências prospectavam a vitória na guerra."Essa ideia do Sykes-Picot é uma coisa um pouco no papel ainda, que vai se concretizar de forma muito mais radical no Tratado de Sèvres, imposto como um tratado de guerra, porque o Império Otomano perde junto com a Alemanha na Primeira Guerra", explica Dominique Marques, professora de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil.A divisão territorial de uma região complexa, como o que viria a ser o Oriente Médio, de forma unilateral, não trouxe prejuízos apenas nos conflitos religiosos — talvez a tensão mais evidente atualmente do ponto de vista ocidental —, mas também na imposição de formas de governo e de administração do Estado próprias do Ocidente, sem respeitar qualquer critério relacionado às populações que ali viviam.Nesse sentido, engloba-se, por exemplo, várias promessas feitas pelos europeus aos povos árabes de independência e reconhecimento, a partir de colaborações em conflitos. No próprio contexto do Acordo de Sykes-Picot, foi prometido às lideranças árabes que, se lutassem ao lado do Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial, contra o Império Otomano, teriam sua independência apoiada por França e Reino Unido."Aqui é importante dizer: a gente só sabe por causa dos revolucionários russos de 1917, eles tornaram público esse documento, os árabes foram traídos. Então, não tiveram esse apoio. O Reino Unido e França simplesmente dividiram os territórios de acordo com os seus interesses", comenta Bruno Mendelski, doutor em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB).Já em relação ao imaginar o que poderia ter sido o futuro do continente sem a imposição ocidental, Mendelski reafirma que a região poderia ter um aspecto muito distinto."No final das contas, o ato de determinar uma fronteira é uma manifestação do poder. Só que naquela região, a gente vê que quem vai determinar essas fronteiras não são os povos que habitam aqueles territórios, mas sim potências estrangeiras, especialmente as europeias", reforça o especialista.Siga a @sputnikbrasil no Telegram


Por Sputinik Brasil