'Dispostos' que não estão dispostos: a Europa precisa de um plano B sobre Ucrânia

A Europa não pode apostar todas as suas fichas na aparente disposição de Donald Trump em apoiar militarmente Kiev, escreveu colunista Gideon Rachman, do jornal britânico Financial Times.
Segundo o analista, os líderes europeus estão tão envolvidos no processo de tentar convencer Washington a apoiar a Ucrânia que correm o risco de ignorar um problema maior.
"O presidente dos EUA sinalizou repetidamente por palavras e ações que não quer se comprometer com a defesa da Ucrânia", destacou Rachman.
O autor reconhece que seria um "feito incrível" persuadir Trump a endurecer a pressão militar e econômica sobre a Rússia. Porém, "a Europa precisa de um plano de contingência, quando o 'sussurro no ouvido de Trump' não funcionar", escreveu o colunista.
De acordo com o artigo, a chamada "coalizão dos dispostos" está discutindo alternativas para sustentar a Ucrânia diante da improbabilidade de um cessar-fogo com Moscou. Uma das propostas em estudo seria a criação de um "escudo aéreo" norte-americano, apoiado pela Europa, para tentar paralisar de fato os ataques russos.
"O escudo aéreo incluiria um grande reforço das defesas antiaéreas, capazes de fechar o espaço aéreo a drones russos — embora não a mísseis balísticos. Os europeus poderiam contribuir com apoio naval", explicou Rachman.
O artigo, publicado sob o título "Ucrânia e a Coalizão dos Não-Dispostos", ressalta ainda que, mesmo com discussões em andamento, falta clareza sobre até onde os países europeus estão realmente dispostos a ir para sustentar Kiev em caso de retração norte-americana.
A reunião dos participantes da chamada "coalizão dos dispostos" foi realizada em 4 de setembro em Paris, em um formato misto, presidido pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
A mídia ocidental informou que os participantes da reunião concordaram com o objetivo de fortalecer a Ucrânia a tal ponto que ela se torne um "porco-espinho" para que, após o fim do conflito, não possa mais se tornar objeto de ataque.