Israel viola soberania do Catar com ataque aéreo contra negociadores palestinos, diz especialista

Israel não reconhece fronteiras ou linhas vermelhas para eliminar os líderes da resistência, onde quer que estejam, disse à Sputnik Mahdi Aqil, especialista em Oriente Médio, comentando o recente ataque israelense contra negociadores do Hamas no Catar.
Aqil destacou que o paradoxo é que o ataque de Israel ocorreu em território de um Estado soberano aliado dos Estados Unidos, que desempenha um papel-chave na resolução do conflito em Gaza.
"O ataque ao Catar, enquanto a delegação discutia a proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, é surpreendente e parece uma operação planejada", ressaltou.
Segundo o interlocutor da Sputnik, após 7 de outubro de 2023, Israel adotou uma estratégia preventiva contra ameaças e, embora os EUA e Israel concordem com a dominação israelense na região, divergem nos métodos e táticas.
Neste contexto, sublinhou o analista, as divergências dentro de Israel referem-se apenas à questão do tratamento dos prisioneiros.
"O ataque à delegação negociadora palestina em Doha prova que seus objetivos [dos EUA e Israel] são comuns, como pode ser visto pela permissão para atacar o Catar, apesar de seu status estratégico […]. As declarações dos EUA após a operação visam proteger os interesses de Washington no golfo Pérsico", apontou.
Assim, finalizou, o Catar pode retornar às negociações devido à importância da questão, esperando que os países do Golfo protejam seus interesses, mas sem tomar medidas sérias contra Israel devido às consequências do colapso do eixo de resistência.
Ontem (9), Israel realizou ataques aéreos contra um bairro residencial do Catar, com a intenção de atingir líderes do Hamas. O ataque deixou seis mortos, incluindo um policial catariano, e vários feridos.