SENADO

Ficha Limpa: quem poderá voltar a se candidatar se o governo aprovar mudanças na lei?

Por Sputinik Brasil Publicado em 10/09/2025 às 16:00
© AP Photo / Silvia Izquierdo

O Senado Federal aprovou na última semana um projeto que altera prazos na chamada Lei da Ficha Limpa. A medida unifica o prazo de inelegibilidade em 8 anos e prevê um teto de 12 anos para condenações por irregularidades eleitorais. A Sputnik Brasil listou quatro políticos que podem ser beneficiados caso a lei seja sancionada.

O Projeto de Lei Complementar 192/2023, de autoria da deputada federal Dani Cunha (União -RJ) foi aprovado em votação com 50 tentos favoráveis contra 24 contra no Senado. A medida segue agora para sanção presidencial.

Entre as principais mudanças que se destacam está a mudança da contagem da inelegibilidade. Nos moldes atuais, o político, quando denunciado por algum crime, é afastado do cargo para que a Justiça inicie as investigações. Após o trâmite, caso seja declarado culpado, o político cumprirá a pena imposta pela Justiça e somente após a finalização da pena começará a contar seu afastamento de oito anos.

Entretanto, com a alteração proposta pelo PLP 192/2023, a penalidade pode ser iniciada a partir da condenação, o que consequentemente reduz a punição.

Outra mudança prevista na Lei da Ficha Limpa é um teto de 12 anos de inelegibilidade, além de vedar a possibilidade de acumulação de penas de inelegibilidade em ações ajuizadas por fatos relacionados.

A lei considera as novas regras à algumas situações. Crimes considerados hediondos, lavagem de dinheiro e aqueles praticados por organização criminosa serão conservados.

A Sputnik Brasil listou quatro políticos que estão inelegíveis mas poderão concorrer já em 2026 caso a regressão da pena seja aplicada a partir do PLP 192/2023.

Eduardo Cunha

O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PTB)
O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PTB)

Cassado de seu mandato na Câmara dos Deputados em 2016 acusado de mentir em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para esconder patrimônios no exterior e para receber propina, Cunha pode ser um dos beneficiados caso o projeto, de autoria de sua filha, seja sancionado.

O ex-parlamentar conseguiu uma liminar para se candidatar em 2022, mas foi derrubada pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

De acordo com a mídia, Cunha, que foi deputado federal pelo estado de São Paulo, pretende voltar a disputar o cargo nas próximas eleições, mas pelo estado de Minas Gerais.

Anthony Garotinho

Anthony Garotinho
Anthony Garotinho

Garotinho foi governador do Rio de Janeiro (1999-2002), prefeito de Campos dos Goytacazes (1989-1992/1997-1998), deputado federal (2011-2015). A longa e diversa carreira política também é marcada por escândalos. Ele foi acusado de ter desviado 234,4 milhões de reais da Secretaria Estadual de Saúde do RJ entre 2005 e 2006 e de elaborar um esquema fraudulento para uso eleitoreiro em Campos, a partir de um programa assistencial voltados a famílias de baixa renda.

O político foi condenado em 2018 por improbidade administrativa e teve a condenação confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) em maio do ano passado.

Com a mudança prevista na Lei da Ficha Limpa, que junta o tempo de inelegibilidade ao cumprimento da pena sentenciada, Garotinho estaria liberado para concorrer às eleições de 2026.

Marcelo Crivella

Marcelo Crivella (PRB), prefeito do Rio de Janeiro
Marcelo Crivella (PRB), prefeito do Rio de Janeiro

Outro que pode ser beneficiado caso o projeto aprovado no Congresso seja sancionado é o ex-prefeito do Rio de Janeiro e ex-deputado federal Marcelo Crivella.

Preso em 2020, ao final do seu mandato na Prefeitura do Rio de Janeiro, Crivella foi condenado por abuso de poder político e econômico pelo TRE-RJ, que o tornou inelegível até 2028.

Como Crivella foi cassado por um tribunal regional eleitoral, com a alteração da lei, ele cumpre a pena a partir da eleição em que é acusado de cometer o crime, ou seja, as eleições de 2016, quando foi eleito prefeito.

José Roberto Arruda

Ex-governador do DF José Roberto Arruda
Ex-governador do DF José Roberto Arruda

A flexibilização na Lei da Ficha Limpa também pode beneficiar o ex-governador do Distrito Federal (2007-2010) José Roberto Arruda. O político teve os direitos políticos suspensos por 12 anos após condenação por improbidade administrativa.

Além de governador, Arruda foi deputado federal (2003-2007) e senador (1995-2001). As mudanças na Lei da Ficha Limpa também permitiriam que o político voltasse a concorrer por um cargo nas eleições de 2026.