Se você não quer, tem quem queira: os acordos firmados pelo Brasil após o tarifaço dos EUA

A imposição de tarifas pelos EUA serviu de catalisador para a política externa brasileira, que intensificou sua busca por diversificação comercial e a consolidação de novos acordos para reduzir a dependência do mercado norte-americano.
Apesar dos efeitos funestos das sanções para muitos setores exportadores brasileiros, o país tem aprendido na marra que é fundamental não colocar "todos os ovos na mesma cesta", buscando parcerias diversificadas.
Muitos processos já estavam em andamento, mas ganharam urgência e prioridade máxima após as tensões comerciais, e os país sul-americano tem se articulado com blocos e grupos para negociar com outros grandes mercados e adotado novos modelos de acordos, mais ágeis para facilitar investimentos.
A Sputnik Brasil fez uma lista dos principais acordos comerciais firmados ou acelerados entre Brasil e outras nações nesse período:
1. Rússia e China

O Ministério da Fazenda firmou acordos com Rússia e China para criar mecanismos permanentes, em meados de agosto, de cooperação econômica em meio a ameaças dos EUA sobre sanções secundárias.
De acordo com a pasta, os acordos devem reforçar a cooperação em fóruns multilaterais, como o BRICS e o G20, além de avançar projetos conjuntos, inclusive em infraestrutura e questões ambientais.
2. Acordos estratégicos com Nigéria
Brasil e Nigéria, maior economia do continente africano e um dos principais polos populacionais do mundo, firmaram acordos em áreas estratégicas em 25 de agosto, em visita oficial do presidente nigeriano, Bola Ahmed Tinubu, ao Brasil.
O destaque ficou por conta de um acordo no setor aéreo e abre caminho para que companhias aéreas de ambos os países possam ampliar sua atuação, tanto no transporte de passageiros quanto no de cargas e impulsionar o turismo e os negócios bilaterais.

3. Café e carne para México
Maior produtor mundial de café, o Brasil aumentou as exportações dos grãos para o México, com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços liderou uma expedição comercial ao país.
Em 2025 o Brasil já havia conseguido a aberta de mercados mexicanos para os ovos brasileiros, incrementando com carne e outros produtos. Isso fez com que o país latino-americano ultrapassasse os EUA e se tornasse o segundo maior comprador de carne brasileira, atrás apenas da China.
4 - Novos mercados na África

Modelos de aviões E190-E2 e E195-E2 da Embraer receberam nesta semana uma certificação da África do Sul que reforça a adequação das aeronaves da companhia para o mercado africano. A certificação ocorre após anúncio de uma expansão da frota da companhia aérea sul-africana Airlink.
O tarifaço também incrementou a busca do governo por novos mercados para exportar seus produtos agropecuários de valor agregado. A parceria mais recente foi noticiada nesta semana com a abertura de seis novos mercados em Burkina Faso, no continente africano, para a exportação de bovinos vivos para reprodução, material genético bovino (sêmen e embriões), bem como alevinos, ovos férteis e pintos de um dia.
Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança 434 aberturas de mercado desde o início de 2023, em 72 estados, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

5. Indonésia
Exportações de sêmen e de embriões bovinos do Brasil iniciaram nesta semana rumo à Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, com mais de 270 milhões de habitantes, vem ampliando sua demanda por proteínas animais e investindo em melhoramento genético para atender à crescente necessidade de abastecimento interno.
Também neste mês, o país oficializou a habilitação de 17 frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina ao país. Com a decisão, 38 estabelecimentos brasileiros estão autorizados a atender o mercado local, o que representa um aumento de 80% no número de frigoríficos habilitados.

6. Mercosul e EFTA
O Mercosul assinará na próxima terça-feira (16), durante cúpula no Rio de Janeiro, um acordo de livre comércio com o EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Embora a negociação estivesse em curso há oito anos, as tarifas impostas pelos Estados Unidos tanto ao Brasil quanto a países europeus como a Suíça aceleraram sua assinatura.
O pacto cria uma nova zona de livre comércio abrangendo quase 300 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$ 4,3 trilhões (R$ 23,1 trilhões).
Por Sputinik Brasil