Presidente do Equador transfere temporariamente sede do governo para a cidade de Latacunga

O presidente do Equador, Daniel Noboa, aprovou neste sábado (13) a mudança provisória da sede do Executivo, de Quito, para a localidade andina de Latacunga, localizada na província de Cotopaxi, ao norte do país.
"Esta decisão reflete o compromisso do Governo de estar onde é necessária autoridade, governabilidade e diálogo direto com a cidadania", destacou a presidência equatoriana nas redes sociais.
Noboa determinou ainda que a vice-presidente, María José Pinto, trabalhe a partir de Otavalo, cidade da província de Imbabura, no norte do país sul-americano.
"Esta decisão reflete o compromisso do Governo de estar onde a autoridade, a governança e o diálogo direto com os cidadãos são necessários", declarou a Presidência em um comunicado oficial.
Noboa assinou o decreto, justificando a decisão de descentralizar o governo "para qualquer parte do território nacional" e argumentando que "esta medida não afeta o equilíbrio e a separação de poderes, nem altera a capital do país".
As mudanças ocorreram após o governo ter eliminado o subsídio ao diesel, o que gerou descontentamento entre transportadores e trabalhadores, principalmente, aumentando o valor diesel no país.
A imprensa local divulgou que o setor de transporte urbano de passageiros da província andina de Pichincha, onde está localizada a capital, Quito, anunciou uma paralisação de atividades na próxima segunda-feira (15).
O fim do subsídio ao diesel, segundo o governo, será para destinar recursos aos mais necessitados do país, mas descartou a possibilidade de aumento nas tarifas do transporte público devido à concessão de um auxílio mensal ao setor de transporte.
"Durante décadas, o subsídio ao diesel representou um ônus de US$ 1,1 bilhão de dólares nas contas públicas, sem realmente chegar a quem precisava, já que grande parte desses recursos foi desviada para o contrabando, a mineração ilegal e benefícios indevidos. Por isso, o Governo decidiu redirecionar esses recursos para aplicá-los a programas que gerem um verdadeiro impacto social e produtivo", afirmou a Presidência da República em comunicado divulgado em sua conta na rede social X, onde anunciou diversas medidas econômicas.
Sobre as mudanças
O decreto, datado de 12 de setembro, estabelece pela primeira vez que o preço de varejo nas bombas e postos de gasolina do diesel automotivo premium será de US$ 2,80 (R$ 15,4) o galão, com vigência a partir da emissão deste documento oficial até 11 de dezembro de 2025.
"Após esse período, será aplicado o mecanismo de estabilização de preços estabelecido neste decreto executivo", afirma o texto.
Estão previstos três meses de compensação financeira para os setores de transporte comercial, incluindo carga pesada, carga mista, escolar, institucional e turismo.
Crise também na área de segurança
As tensões envolvendo o setor de transporte ocorrem em meio a outra crise que já se estende há anos, que é o da alta criminalidade e violência. Na semana passada, o Ministério da Defesa e o Comando Conjunto das Forças Armadas do país sul-americano explicaram em comunicado uma ofensiva para retomar o controle territorial "usurpado por organizações criminosas".
O ministério explicou que a nova estratégia militar se baseia em três eixos: Controle territorial e ofensiva direta; fortalecimento da inteligência e das operações especiais e neutralização de alvos de alto valor.
A ofensiva do governo do presidente Daniel Noboa se concentrará especialmente em nove províncias consideradas críticas devido ao seu alto índice de criminalidade: Guayas, Los Ríos, Manabí, El Oro, Carchi, Sucumbíos, Orellana, Zamora Chinchipe e Morona Santiago.
Nessas áreas, serão reforçadas as operações contra atividades ilícitas, como mineração ilegal e contrabando, que são fontes de financiamento para grupos terroristas, segundo as autoridades. Além disso, o plano inclui o controle militar permanente dentro das prisões, com o objetivo de erradicar a corrupção e controlar grupos criminosos.