ASTRONOMIA

Erro ao desviar asteroide pode lançá-lo em rota futura de colisão com a Terra, alertam cientistas

Por Sputinik Brasil Publicado em 15/09/2025 às 02:46
© Getty Images / iStock/Naeblys

A missão DART provou que é possível desviar asteroides, mas novos estudos alertam: um impacto mal calculado pode redirecionar a ameaça para zonas gravitacionais perigosas, adiando — e não evitando — a colisão com a Terra. Mapas de probabilidade são a chave para mirar com precisão.

Em 2022, a NASA demonstrou com sucesso a viabilidade de desviar asteroides com a missão DART, alterando significativamente a órbita de Dimorphos. Essa conquista marcou um avanço importante na defesa planetária, provando que é possível modificar a trajetória de corpos celestes com impacto cinético. No entanto, novas pesquisas indicam que essa estratégia pode ter consequências inesperadas se não for executada com extrema precisão.

Estudos da Universidade de Illinois revelam que uma deflexão mal calculada pode redirecionar um asteroide para regiões perigosas do espaço chamadas "buracos de fechadura gravitacionais". Essas áreas, influenciadas pela gravidade de planetas, podem alterar a órbita do asteroide de forma que ele retorne à rota de colisão com a Terra anos ou até décadas depois. Assim, uma tentativa de evitar o impacto pode apenas adiá-lo.

Esquema da missão DART mostrando o impacto na pequena lua do asteroide (65803) Didymos. Missões de redirecionamento como esta precisam garantir que qualquer intervenção não atrase apenas o impacto
Esquema da missão DART mostrando o impacto na pequena lua do asteroide (65803) Didymos. Missões de redirecionamento como esta precisam garantir que qualquer intervenção não atrase apenas o impacto

Esses buracos de fechadura funcionam como zonas críticas de influência gravitacional, comparáveis a uma máquina de pinball cósmica, o que significa que um pequeno erro de cálculo pode fazer o asteroide ricochetear de volta em direção ao planeta. Rahil Makadia, da NASA, alerta que mesmo uma deflexão bem-sucedida precisa evitar essas regiões, ou o risco de impacto permanece no futuro.

Para enfrentar esse desafio, a equipe de Makadia desenvolveu mapas de probabilidade que indicam os pontos mais seguros para atingir um asteroide. Cada ponto na superfície tem uma chance diferente de redirecionar o objeto para um buraco de fechadura, e esses mapas ajudam a escolher o local ideal para o impacto cinético. A precisão é essencial para garantir que o asteroide não entre em uma rota perigosa.

A construção desses mapas exige dados detalhados sobre o asteroide, como forma, rotação, massa e características da superfície e o ideal é obter essas informações por meio de missões espaciais que se aproximem do asteroide, permitindo imagens e medições de alta resolução. Em casos de descoberta tardia, os cientistas podem recorrer a observações terrestres para criar versões preliminares dos mapas.

Mapas já foram desenvolvidos para asteroides como Bennu, com zonas de impacto marcadas e levando em conta as margens de erro inevitáveis em qualquer missão uma vez que até mesmo pequenas imprecisões na mira da espaçonave podem alterar o resultado, o que reforça a necessidade de planejamento meticuloso. Diferente de Dimorphos, que não representava risco real, futuras ameaças exigirão decisões mais críticas.