COMÉRCIO EXTERIOR

Café brasileiro pode ter tarifas zeradas nos EUA após aceno diplomático entre Trump e Lula, diz mídia

Por Sputinik Brasil Publicado em 27/09/2025 às 08:58
© Foto / Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Após o tarifaço dos EUA, o café brasileiro volta a ter chances de isenção: decreto de Trump inclui o produto entre os possíveis beneficiados, e aceno diplomático ao presidente Lula na ONU reacende esperanças do setor por um acordo que destrave as exportações ao mercado norte-americano.

Quase dois meses após a imposição de tarifas sobre o café brasileiro pelos Estados Unidos, o setor voltou a ter esperanças de retomar as exportações. De acordo com o G1, a expectativa cresceu com um decreto assinado por Donald Trump no início de setembro, que inclui o café entre os produtos com possibilidade de isenção tarifária, e com a aproximação diplomática entre o presidente Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU (AGNU).

Durante o evento na ONU, Trump afirmou ter tido "uma química excelente" com Lula e mencionou a intenção de se reunir com o líder brasileiro na semana seguinte, embora sem data definida. O gesto foi interpretado por entidades como a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) e o Conselho de Exportadores de Café (Cecafé) como um sinal positivo para futuras negociações comerciais, segundo a apuração.

O decreto de 5 de setembro trata das chamadas "tarifas recíprocas" e lista produtos como café e cacau que podem ser isentos de taxas. A justificativa é que esses itens não são cultivados nos EUA, apesar de o país ser o maior consumidor mundial de café, o que oficializa uma possibilidade que já havia sido mencionada em julho pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.

No entanto, o decreto estabelece que a isenção só será concedida caso o país exportador firme um acordo comercial com os Estados Unidos. Por isso, a expectativa de uma reunião entre Lula e Trump reacendeu o otimismo do setor cafeeiro, que vê na diplomacia uma oportunidade de destravar o comércio bilateral.

Antes da tarifa de 50%, imposta em agosto, o Brasil era o principal fornecedor de café para os EUA, com cerca de um terço do mercado. Após a medida, as exportações despencaram e a Alemanha ultrapassou os Estados Unidos como maior compradora do grão brasileiro, impactando fortemente o setor.

Segundo Pavel Cardoso, presidente da Abic, disse à mídia, o decreto reconhece que países com acordos comerciais poderão vender café sem tarifas. Ele destaca que, embora antes não houvesse perspectivas, a aproximação entre os presidentes pode colocar o café como prioridade nas negociações. "O café está no radar dos dois presidentes", afirma.

Ainda segundo a apuração, Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, reforça que o café é um produto de alto valor para a indústria norte-americana e que não é cultivado localmente. Para ele, a retomada do diálogo entre os governos é essencial para viabilizar um acordo bilateral que permita a retomada das exportações brasileiras ao mercado norte-americano.