DISPUTA EM PALMEIRA

“Esqueçam meus filhos”: líder indígena Tanawi Kariri denuncia ameaças e responsabiliza políticos por instigação em Palmeira dos Índios

Por Redação Publicado em 08/10/2025 às 18:42

O líder indígena Tanawi Kariri, representante do povo Xukuru Kariri em Palmeira dos Índios (AL), divulgou nas redes sociais, na tarde desta quarta-feira (8/10), uma mensagem em que relata estar sofrendo ameaças e aponta “grandes posseiros e políticos” locais como responsáveis por instigar a população contra os indígenas.


No vídeo publicado, Tanawi inicia a mensagem dirigindo-se à sua comunidade: “Olá guerreiros e guerreiras… passando aqui para informar a minha insatisfação com tudo que está acontecendo nesse processo de demarcação do território Xukuru Kariri.” O líder afirma que, “nos últimos dias”, houve incentivo de atores políticos para que a sociedade local se levante contra o povo indígena e que, em razão disso, ele tem recebido ameaças diárias. “Estou sendo ameaçado todos os dias… e sem medo nenhum que atentem contra a minha vida. Porque a favor do meu território, a favor da minha família, do meu povo, eu dou a minha vida, sem medo nenhum”, diz trecho da gravação.


Tanawi foi enfático ao estabelecer um limite: “Podem atentar contra mim, agora contra os meus filhos, não. Isso eu não admito. Estão ameaçando os meus filhos… Esqueçam meus filhos.” Ele ainda conclama as autoridades a tomarem conhecimento da situação e pede proteção para sua família e para as demais lideranças indígenas.


Contexto e repercussão


A declaração do líder surge em meio a um clima de grande tensão em Palmeira dos Índios, onde o processo de regularização do território Xucuru-Kariri tem sido acompanhado por protestos, discursos de ódio e confrontos políticos. Organizações indígenas e entidades da sociedade civil têm denunciado uma onda de desinformação e incitação nas redes sociais, rádios e grupos de mensagem que, segundo os relatos, alimenta ameaças e intimidações contra lideranças do povo Xucuru-Kariri.


Relatos publicados por veículos locais confirmam que a divulgação de mensagens e áudios nas últimas semanas aumentou a sensação de insegurança entre indígenas e moradores das áreas afetadas, levando a manifestações de preocupação de direitos humanos e pedidos de intervenção por parte de organismos regionais.


O que diz o líder — em suas palavras


No vídeo — cuja íntegra foi compartilhada nas redes — Tanawi mistura um tom de firmeza e um apelo por proteção: ele afirma que seguirá defendendo o território “até o fim”, mas condiciona sua resistência à garantia de que seus filhos não sejam alvos. O recado é claro: a luta política e territorial pode continuar, “mas mexer com menores é uma linha que não será tolerada”.


O que se espera das autoridades


Especialistas em direitos indígenas ouvidos pela reportagem e as próprias lideranças cobram investigação imediata das ameaças e medidas de proteção às famílias. Organizações e movimentos que acompanham o caso pedem atuação integrada das polícias, do Ministério Público e da Funai para garantir segurança e evitar o agravamento do conflito.


Nota sobre o processo fundiário


Fontes locais têm explicado que o processo relativo ao território Xucuru-Kariri envolve etapas técnicas como identificação de benfeitorias e definição de critérios de indenização — procedimentos que, embora previstos em lei para proteção dos direitos indígenas, geram apreensão entre ocupantes não indígenas que temem perdas econômicas e sociais. Observadores lembram que a complexidade do tema exige comunicação transparente e ação institucional para evitar a escalada da violência.


A repercussão do recado de Tanawi aumenta as expectativas por respostas concretas das autoridades competentes. A comunidade e organizações de direitos humanos acompanham com atenção e cobram que medidas de proteção e investigação sejam imediatamente adotadas.