Você conhece o Colégio de Aplicação Telma Vitória (Captv)? Há mais de 40 anos, o espaço de educação infantil faz parte do quadro da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no Campus A.C. Simões, em Maceió, e proporciona uma educação básica reconhecida pela inovação e qualidade pedagógicas, sendo uma referência no estado de Alagoas. 

Inaugurado como Pousada Escolar Semente do Amanhã, no dia 12 de outubro de 1984, e, finalmente, em 2022, elevado a Colégio de Aplicação, o espaço vem em crescente evolução, atuando no processo educativo de crianças e na formação de profissionais de diversas áreas.

Em junho deste ano, em parceria com o governador de Alagoas, Paulo Dantas, o espaço ganhou cara nova e passou a funcionar em um dos prédios da Creche Cria, construído dentro da Universidade. Mesmo com a cessão do espaço pelo Governo do Estado, a gestão administrativa e o planejamento pedagógico continuam sob a responsabilidade da equipe de servidores da Ufal.

A diretora Surama Angélica destaca que o diferencial do Captv está no trabalho consolidado na Educação Infantil, etapa em que a instituição se destaca pela qualidade das práticas pedagógicas e pelo compromisso com o desenvolvimento integral das crianças. Com uma proposta que valoriza o brincar, a curiosidade e as experiências significativas, o Captv vem construindo uma base sólida para o percurso educacional das crianças. “O Colégio de Aplicação é vinculado à Ufal e tem uma funcionalidade diferente. Embora nosso prédio tenha sido construído nos mesmos moldes do Cria, somos um espaço voltado para o ensino, pesquisa e a extensão. Aqui, desenvolvemos estágios, projetos de pesquisa e ações de extensão, que são marcas próprias da Ufal”, explica a gestora.

Com espaços de convívio, cinco salas para creche, pré-escola e 1º ano do fundamental, uma sala multiuso, refeitório, sala dos professores, sala da coordenação, secretaria, diretoria, cozinha, copa, sala de descanso dos servidores, além de despensa, banheiros, almoxarifado, horta, solário, pátio coberto e playground, o Colégio de Aplicação vem mostrando a potencialidade da educação infantil na Ufal. O espaço é a expressão do compromisso da instituição com a formação integral dos indivíduos desde a primeira infância. Sua permanência é um exemplo concreto de que a Universidade acredita que a educação é um processo contínuo, que começa nos primeiros anos de vida e se estende por toda a trajetória acadêmica.

Seleção e matrícula

Diferente dos colégios das redes municipais e estaduais, o Captv da Ufal utiliza método diferenciado no processo de seleção para novas crianças. Inicialmente, a instituição era voltada apenas para filhos de servidores e discentes e para a comunidade no entorno do campus. Ao se tornar um Colégio de Aplicação, as matrículas se tornaram universais e qualquer responsável pode tentar uma vaga na unidade. A gestora ressalta que é importante que a comunidade compreenda que o ingresso no Captv ocorre exclusivamente por meio de editais públicos, não havendo nenhum outro processo de entrada.

“Nosso processo de matrícula é realizado por meio de editais realizados pela Ufal e que são tornados públicos na página da Copeve . Desde que estejam dentro da faixa etária necessária, qualquer criança pode concorrer a uma vaga. Elas são selecionadas por sorteio. Então, tirando a cota para Pessoas Com Deficiência [PCD], qualquer criança está apta a estudar na nossa escola, sem distinção de renda ou vínculo com a Ufal”, detalha a diretora.

Diante da grande procura por vagas, Surama explica que o planejamento é ampliar gradativamente as atividades do colégio, de forma que, futuramente, a instituição possa acolher mais crianças e abranger novos níveis de escolaridade. Em 2025, a instituição ampliou sua atuação com o início do Ensino Fundamental, dando continuidade ao trabalho iniciado na Educação Infantil. “Para o próximo ano, planejamos a abertura do 2º ano e, assim, vamos avançando na oferta de uma educação de qualidade desde os primeiros anos da escolarização”, afirma a gestora.

Para ficar por dentro do lançamento do próximo edital de matrícula e das ações do colégio, basta acompanhar as  redes oficiais e o ufal.br.

Do maternal ao fundamental

Atualmente, Colégio de Aplicação conta com mais de 100 crianças, de 2 a 6 anos, distribuídos entre Maternal 1, Maternal 2, 1º e 2º períodos da Educação Infantil e o 1º ano do Ensino Fundamental. Em cada etapa, o colégio investe na formação e no fortalecimento do trabalho de sua equipe pedagógica, garantindo que todas as crianças avancem em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento. “Trabalhamos com experiências e brincadeiras, nos campos da  Base Nacional Comum Curricular [BNCC]. Buscamos promover o desenvolvimento integral da criança, seja cognitivo, motor, afetivo e social. Na educação infantil, a ênfase é o desenvolvimento global, enquanto no ensino fundamental, o trabalho avança para o processo de alfabetização”, explica Surama.

O Colégio também é referência na inclusão de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que, por meio da inserção de pesquisa e extensão na base escolar, recebe profissionais e estudantes da Ufal no auxílio para essas crianças, da sala de aula até a recreação. A coordenadora pedagógica, Raquel Alves Sobrinho, conta que o segredo para uma educação inclusiva é o preparo da equipe, algo que no Captv é levado à risca. “Recebemos crianças típicas e atípicas, com TEA, altas habilidades e outras especificidades. Para cada uma, construímos o Plano Educacional Individual (PEI), em parceria com a sala de Atendimento Educacional Especializado, professores e equipe pedagógica. O objetivo é sempre o desenvolvimento integral, seja físico, cognitivo, social e afetivo”, conta.

E ressalta: “Desde o início do ano, temos priorizado as formações e os planejamentos. Uma vez por mês, paramos a equipe para a formação continuada. Participam não só os docentes, mas também os funcionários da portaria, da limpeza e outros, porque todos são educadores dentro desse espaço”.

Ensino, pesquisa e extensão

O Colégio de Aplicação funciona, essencialmente, dentro dos três pilares da Universidade: ensino, pesquisa e extensão, visando proporcionar a melhor experiência às crianças. Cerca de 60 estudantes – dos cursos de Pedagogia, Psicologia, Educação Física, Enfermagem, Odontologia, Medicina, Fonoaudiologia, Nutrição e Teatro – atualmente, realizam estágio na unidade de educação infantil.

Para a coordenadora de Estágio, Pesquisa e Extensão do Captv, Lilian Barbara, o colégio contribui de forma significativa para a formação de futuros professores e de profissionais de diversas áreas. “Os pesquisadores coletam dados aqui, analisam e trazem retorno, o que gera novos conhecimentos. Já tivemos pesquisas divulgadas em revistas científicas e congressos”, afirmou.

A professora do Instituto de Educação Física (Iefe) da Ufal, Chrystiane Toscano, é uma das profissionais que desenvolve projetos com as crianças. Ela explica que suas pesquisas estão voltadas ao desenvolvimento motor das crianças e na inclusão de atividades físicas para crianças com TEA. “Hoje, temos dois grandes eixos de atuação em extensão e pesquisa : o ABC Motor, que atende todas as crianças, e o Projeto de Exercício Físico para Crianças com TEA (PEFaut). Essas crianças, além de participarem das atividades inclusivas do ABC Motor, recebem também um atendimento especializado no Instituto de Educação Física e Esporte, duas vezes por semana. É um projeto de muito sucesso. Hoje, as crianças com TEA do Captv têm quatro frentes de atividades estruturadas voltadas ao desenvolvimento de seu perfil motor”, conta a docente.

Para ela, exercer sua função no colégio de aplicação é uma realização tanto pessoal quanto profissional. “O colégio tem um planejamento muito bem estruturado, segue toda a legislação da Educação Infantil seguindo uma proposta que reconhece a criança como sujeito, histórico de direito que é ativa e que cria cultura, e isso faz com que a nossa instituição oferte um atendimento que prioriza o educar e cuidar, através de parcerias com os cursos de Enfermagem, Psicologia, Nutrição, que nos ajuda no processo de acolhida não só das crianças, mas como das famílias em si. Isso facilita bastante o trabalho dos professores e pesquisadores”, conclui.

O estagiário Roosivelt Macário, estudante do 5º período do curso de licenciatura em Teatro, reforça as palavras da docente quando diz que ser professor em um colégio de aplicação proporciona outra perspectiva e um olhar de esperança sobre a docência. “Estagiar aqui está sendo uma experiência encantadora. A filosofia do colégio é pautada na integração e isso é perceptível no dia a dia. Está sendo um período mágico de trocas e aprendizados. A proposta do colégio é de que não apenas os estudantes tenham experiências significativas, mas também nós, enquanto futuros profissionais”, diz o discente.