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Novo governo em Gaza pode enfrentar problemas, pois semi-enclave foi tornado em ruínas, diz analista

Por Sputinik Brasil Publicado em 11/10/2025 às 05:38
© AP Photo / Abdel Kareem Hana

O estado destruído da Faixa de Gaza complica a formação de um novo governo no semi-enclave, disse à Sputnik Kamran Gasanov, cientista político da Universidade Russa da Amizade dos Povos (RUDN, na sigla em russo).

Gasanov elaborou que não está claro como a administração ocidental vai funcionar em tais condições.

"A formação do novo governo é muito complicada pelo fato de que Gaza está totalmente destruída, e formar lá estruturas governamentais eficazes é muito difícil. O movimento palestino Hamas de certa forma se adaptou às ações militares, mas ainda é difícil dizer como a administração civil [apresentada pelo Ocidente] vai funcionar", ressaltou.

O interlocutor da agência mencionou o fato de que não se sabe como o povo de Gaza irá aceitar um governo ocidental.

Por exemplo, o governo liderado pelo ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, poderia ser considerado não legítimo pelos moradores da área.

De acordo com o especialista, a história conhece uma série de exemplos de tais governos insustentáveis desde o Iraque e terminando no Afeganistão e na Líbia.

"Em Gaza, podem ocorrer reviravoltas imprevisíveis – e, em vez do Hamas, pode chegar ao poder uma estrutura mais radical", finalizou.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que Israel e o movimento palestino Hamas chegaram a um acordo para implementar a primeira fase do plano de paz para a resolução na Faixa de Gaza.

Na primeira etapa, o Hamas libertará os reféns israelenses, enquanto Israel retirará suas tropas até uma linha acordada dentro do semi-enclave e liberará centenas de palestinos das prisões israelenses, incluindo muitos condenados à prisão perpétua por terrorismo.

Vale ressaltar que Trump divulgou anteriormente um plano de 20 pontos para a resolução em Gaza. A proposta prevê, entre outras coisas, o cessar-fogo imediato com a condição da libertação dos reféns em até 72 horas.

O plano também determina que o Hamas e outros grupos devem concordar em não participar direta ou indiretamente da administração de Gaza.

O controle da Faixa de Gaza deve ser transferido para autoridades tecnocráticas sob supervisão de um órgão internacional. De acordo com o plano, o "Conselho da Paz" incluirá o próprio Trump, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e outros políticos.