Encontro Internacional de Comunidades Atingidas reunirá delegação de mais de 62 países em Belém
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) prepara uma programação intensa para novembro na capital paraense durante a COP 30, que integra o encontro internacional e diversas ações na Cúpula dos Povos
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) tem um papel central na organização e articulação de dois grandes eventos internacionais que vão ocorrer em Belém (PA) em novembro de 2025: o IV Encontro Internacional de Atingidos por Barragens e Crise Climática e a Cúpula dos Povos, que se estabelece como um contraponto popular à COP 30.
Para o encontro internacional, a contagem regressiva marca dez dias. De 07 a 12 de novembro, cerca de 300 atingidos por barragens e pela crise climática, de 62 países dos cinco continentes, estarão reunidos para trocar experiências, fortalecer redes de resistência e discutir alternativas ao extrativismo e à crise climática.
Durante os cinco dias, os participantes irão debater e articular a internacionalização da luta dos atingidos por barragens, da soberania energética popular e da construção de um projeto alternativo ao sistema vigente. Soniamara Maranho, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos e Atingidas por Barragens (MAB) e da coordenação internacional do Movimiento de Afectados por Represas (MAR), ressalta a importância de unificar a luta dos atingidos de todo o mundo:
“Nosso grande objetivo em Belém será criar uma unidade internacionalista. Queremos socializar a conjuntura global, trocar experiências centenárias e construir uma estratégia unificada para que os povos atingidos por barragens e pela crise climática debatam e construam projetos energéticos populares em seus países, enfrentando o fascismo e propondo alternativas ao sistema capitalista em todos os territórios.”
A grande marca do IV Encontro Internacional deve ser a consolidação de um movimento internacional de atingidos por barragens, com organização própria, capilaridade e articulação global.
A Articulação do MAB para a Cúpula dos Povos
Imediatamente após o Encontro Internacional, o MAB direciona sua mobilização para a Cúpula dos Povos, que ocorrerá de 12 a 16 de novembro. O evento é visto como um espaço popular alternativo à restrita COP e espera reunir mais de 10 mil pessoas.
Desde 2023 articulando a Cúpula dos Povos na Amazônia, o Movimento dos Atingidos por Barragens planeja levar mais de mil atingidos de todo o Brasil, que se somarão aos 300 delegados do IV Encontro Internacional. Essa grande mobilização busca exercer uma pressão social expressiva e inédita sobre as negociações internas da COP 30, especialmente no que diz respeito à pauta dos atingidos.
Protagonismo no debate da Transição Energética
A Cúpula dos Povos estará dividida em seis eixos de debate. O MAB participa da articulação de todos, mas tem maior incidência no eixo 3, focado na transição justa, popular e inclusiva.
O MAB sustenta que a transição energética não pode ser apenas tecnológica, mas sim social, e exige uma mudança radical na política energética. Para os atingidos, não adianta mudar a fonte sem discutir "para quê está sendo produzida a energia e quem se apropriará dela". Uma transição justa e popular significa mudar o modelo energético, redefinindo o papel do Estado e das empresas estrangeiras.
Na Cúpula, o MAB levará a denúncia de que a transição energética proposta pelas transnacionais, apesar de se apresentar como solução para a descarbonização, interessa na verdade ao capital, já que amplia novas frentes de lucro e acumulação.