SAÚDE PÚBLICA

Inca inaugura primeiro centro de treinamento em cirurgia robótica do SUS

Instituto Nacional de Câncer amplia formação médica e pesquisa em tecnologia robótica para o Sistema Único de Saúde

Publicado em 17/11/2025 às 17:39

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) inaugurou, nesta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, o primeiro centro de formação em cirurgia robótica do Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é qualificar 14 novos profissionais por ano, com dupla titulação em suas áreas médicas e em cirurgia robótica, além de impulsionar pesquisas na área.

As cirurgias robóticas são minimamente invasivas e permitem ao cirurgião maior precisão e um campo visual até dez vezes ampliado, reduzindo riscos de complicações, dor e tempo de recuperação dos pacientes.

Desde 2012, o Inca realiza cirurgias robóticas de forma pioneira no SUS, com mais de 2 mil procedimentos realizados nas especialidades de urologia, ginecologia, cabeça e pescoço, abdome e tórax. Agora, o novo Centro de Treinamento e Pesquisa em Robótica amplia a capacidade de formação médica e pesquisa aplicada do Instituto, referência nacional em câncer.

Um dos principais usos da cirurgia robótica no tratamento oncológico é a prostatectomia robótica, procedimento de remoção parcial ou total da próstata após o diagnóstico de câncer. Recentemente incorporada ao SUS, a técnica será disseminada pelo país com o apoio do novo centro, segundo o diretor-geral do Inca, Roberto Gil. “Antigamente, era necessário buscar capacitação no exterior. Agora, podemos capilarizar e disseminar o procedimento, formando médicos certificados em todo o Brasil. É um processo gradativo”, afirmou.

O centro conta com o robô Da Vinci XI, equipamento de última geração com três consoles cirúrgicos e simulador de realidade virtual, permitindo treinamento seguro e realista para os cirurgiões. Para receber o robô, o Instituto precisou adaptar suas instalações, içando o equipamento até o andar de instalação. O centro é certificado pela fabricante do robô, garantindo formação oficial aos profissionais.

Durante a cerimônia de inauguração, o Inca apresentou dois projetos de pesquisa voltados à detecção precoce do câncer de próstata, tipo de neoplasia mais comum entre homens no Brasil, com quase 72 mil novos casos estimados por ano. Os estudos contam com apoio do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon).

O primeiro projeto envolve pesquisa genética somática em amostras de lesões de 980 pacientes, buscando estruturas que possam proporcionar um diagnóstico mais preciso, segundo o chefe do setor de Urologia do Inca, Franz Campos. “Esses pacientes serão acompanhados por pelo menos três anos, à procura de marcadores moleculares que possam influenciar no rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer de próstata, visando uma medicina de precisão”, explicou.

O segundo estudo fará o sequenciamento genético completo de cerca de 3 mil pacientes com câncer (de baixo ou alto grau) e com hiperplasia prostática, condição benigna de aumento do órgão. O objetivo é identificar possíveis mutações somáticas relacionadas ao câncer.

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