Manifestantes marcham na Avenida Paulista e em diversas cidades do país contra feminicídio
Ato convocado pelo movimento Mulheres Vivas reúne milhares em protesto contra violência de gênero após série de casos recentes
Milhares de pessoas foram às ruas neste domingo (7) em ao menos 24 estados e no Distrito Federal para protestar contra o feminicídio e a violência de gênero. Os atos, organizados pelo movimento Mulheres Vivas, ocorreram após uma sequência de casos recentes de violência letal contra mulheres no país.
Em São Paulo (SP), a marcha ocupou a Avenida Paulista, com concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP).
Segundo estimativas da imprensa local, cerca de 9,2 mil pessoas participaram do protesto, número que chegou a 10,3 mil no pico do ato. Manifestantes exibiam faixas com frases como "basta de feminicídio" e "nenhuma a menos". Entre os presentes estava o publicitário Guilherme Albuquerque Cavalcanti, de 31 anos.
Ele afirmou ter decidido participar por acreditar "em um mundo mais pacífico, com direitos iguais", ressaltando que sua visão sobre o tema é influenciada por suas relações com as mulheres de sua vida.
"Minha mãe é uma mulher, eu vim de uma mulher", declarou, acrescentando que considera incoerente qualquer sentimento de superioridade masculina e que vê o ato como uma forma de reafirmar respeito e igualdade.
Também presente na Paulista, Silvana Refundini, 56, dona de casa, contou que marchou por já ter enfrentado episódios de violência "dentro da família" e por acreditar que casos recentes "não podem passar em branco".
Silvana relatou que costuma se emocionar ao ler notícias de novos ataques contra mulheres — "primeiro choro, depois engulo" — e defendeu a participação dos homens nos protestos, afirmando que "sem eles, a gente também não consegue".
A onda de manifestações acontece em meio ao aumento dos índices de violência contra mulheres no Brasil. Em 2024, foram registrados 1.450 feminicídios, número superior ao do ano anterior. Além disso, o país contabilizou 2.485 homicídios dolosos ou lesões corporais seguidas de morte de mulheres, segundo dados oficiais do governo federal.
Também foram registrados 71.892 casos de estupro de mulheres no mesmo período. Na capital paulista, 2025 já é o ano com maior número de feminicídios desde 2015, com 53 casos registrados entre janeiro e outubro. No estado de São Paulo, foram 207 feminicídios no mesmo intervalo, superando o total de 2024.
Levantamentos de organizações independentes apontam que a maioria dos crimes ocorre dentro das próprias residências e envolve parceiros ou ex-companheiros das vítimas.
Por Sputinik Brasil