Temor dos EUA: analista sugere diferencial para moeda do BRICS frente ao dólar
Especialistas apontam que uma moeda lastreada em commodities pode fortalecer o bloco e desafiar a hegemonia do dólar.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem manifestado preocupação com a proposta do BRICS de criar uma moeda única. Em resposta, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, defende o plano do bloco, destacando a necessidade de seus membros reduzirem a dependência do dólar como reserva global.
O professor de economia Renan Silva atribui a queda de credibilidade do dólar a sucessivas crises, como a de 2008 e a pandemia de COVID-19, que abriram espaço para questionamentos sobre a dependência da moeda americana. Para o especialista, a moeda do BRICS, quando criada, precisará ser fundamentalmente diferente do dólar e de outras moedas fiduciárias, que não são lastreadas em ativos físicos como o ouro.
"Se lançarmos uma moeda sem lastro real, ela está fadada ao fracasso porque a moeda deve ser eleita por agentes econômicos, não imposta", afirma Renan Silva. Segundo ele, uma moeda lastreada em commodities teria mais chances de conquistar credibilidade e aceitação no mercado internacional.
Já a professora Karin Vazquez ressalta o avanço da cooperação entre países do Sul Global, exemplificado pelo Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do BRICS. No entanto, ela pondera que uma mudança no padrão monetário dominante não deve ocorrer no curto prazo. "É importante destacar a velocidade das transformações no sul global e o quanto já mudou nessas últimas décadas. As inovações financeiras e novas instituições criadas podem até encurtar prazos tradicionalmente considerados ao longo da história", avalia.