Jornalista italiana diz ter sido expulsa de flotilha para Gaza
Francesca Del Vecchio, do 'La Stampa', foi chamada de 'perigosa'
Uma jornalista italiana denunciou nesta sexta-feira (12) ter sido expulsa de uma embarcação da expedição da Global Sumud Flotilla (GSF) rumo à Faixa de Gaza, palco de uma guerra entre Israel e o Hamas.
Francesca Del Vecchio, repórter do "La Stampa", contou ao jornal que foi rotulada de "jornalista perigosa" e foi retirada do barco, onde estava "para cobrir a missão, suas luzes e sombras".
"Eu esperava poder fazer o que minha profissão exige: observar e reportar. Sem domesticar. Nem ser domesticada. Não era possível. Ser expulsa, no entanto, me lembrou de algo, sobre o papel do jornalismo: quando um olhar é desviado, por não ser considerado 'útil para o propósito', uma oportunidade é perdida", escreveu Del Vecchio.
A jornalista italiana refez os passos de quando, em agosto, foi convidada por um ativista para participar como jornalista na expedição a Gaza.
Segundo ela, ao chegar a Catânia, "ponto de partida da expedição italiana e do treinamento dos participantes, todos foram solicitados a entregar seus celulares" e, "nos dias seguintes, também foram submetidos a uma revista corporal".
Del Vecchio relatou que isso tudo foi feito "por motivos de segurança", segundo disseram para ela.
"Quando o curso começou, havia outros jornalistas (que não faziam parte da equipe) lá dentro, com câmeras e filmadoras. No final da sessão, perguntei se havia alguma objeção à minha cobertura. Disseram-me que não, desde que eu não entrasse em detalhes", acrescentou, considerando a regra como "aceitável".
A jornalista, no entanto, foi retirada das conversas em grupo e contou que, depois de certa insistência, um membro do "'Conselho de Administração', Simone, me ligou".
"Ele me contou sobre a decisão de me mandar embora por revelar 'informações sensíveis' que poderiam comprometer a segurança da missão. Fiquei incrédula. Consegui discutir o assunto pessoalmente com Maria Elena Delia no dia seguinte. Expliquei as exigências da minha profissão. Concordamos que, a partir daquele momento, haveria mais diálogo", continuou.
Del Vecchio achou que após a conversa a crise teria acabado, principalmente porque ela até chegou a fazer seu primeiro exercício no mar, mas logo depois foi surpreendida por um ativista: "Não podemos confiar em você, você é uma jornalista perigosa, você contou ao mundo onde nosso curso está sendo realizado", disse ele, segundo a jornalista.
Em seguida, relatou que ela e seu jornal foram alvos de críticas e insultos. "Eles estão me devolvendo meu passaporte — confiscado, como faria uma força policial —, estão literalmente me jogando para fora do porto", concluiu a jornalista.