Papa alerta vítimas de abusos que 'dor não deve gerar violência'
Leão XIV pediu que grito de afetados por guerras seja ouvido
O papa Leão XIV fez um alerta nesta segunda-feira (15) contra os abusos cometidos na Igreja Católica, pedindo que a dor provocada nas vítimas não gere violência, e apelou para que o clamor de crianças inocentes em meio a tantas guerras sejam ouvidos.
A declaração foi dada durante o "Jubileu da Consolação", no Vaticano, dedicado às vítimas de abuso e violência, pessoas em luto e marcadas pelo sofrimento.
"A dor não deve gerar violência. A violência não é a última palavra, porque é vencida pelo amor que sabe perdoar, mesmo que a violência sofrida não possa ser apagada", afirmou o Pontífice na vigília de oração na Basílica de São Pedro.
Em mensagem destinada aos "irmãos e irmãs que sofreram a injustiça dos abusos", Robert Prevost citou também as pessoas "esmagadas pelo peso da violência, da fome e da guerra", que "imploram pela paz".
"A Igreja, da qual alguns membros infelizmente os feriram, hoje ajoelha-se junto com vocês diante da Mãe. Que todos possamos aprender dela a proteger com ternura os mais frágeis e pequenos", ressaltou.
O líder da Igreja Católica destacou ainda que, "assim como existe a dor pessoal, também, em nossos dias, existe a dor coletiva de populações inteiras que, esmagadas pelo peso da violência, da fome e da guerra, imploram pela paz": "É um clamor imenso".
Segundo o Papa, "o verdadeiro consolo que devemos ser capazes de transmitir é mostrar que a paz é possível e que ela floresce em cada um de nós se não a sufocarmos".
"Que os líderes das nações ouçam o clamor de tantas crianças inocentes, para garantir-lhes um futuro que as proteja e console", acrescentou ele, desejando que o mundo encontro "agentes de paz" em meio a tanta arrogância.
Leão XIV admitiu ainda que, perante algumas situações, as "palavras não chegam", restando "as lágrimas", que são uma "linguagem que expressa os sentimentos profundos do coração ferido".
"As lágrimas são um grito mudo que implora compaixão e conforto. Mas, antes de mais nada, são libertação e purificação dos olhos, do sentir, do pensar. Não devemos ter vergonha de chorar; é uma forma de expressar a nossa tristeza e a necessidade de um mundo novo; é uma linguagem que fala da nossa humanidade fraca e posta à prova, mas chamada à alegria", explicou.
Por fim, a homilia do Santo Padre deixou uma mensagem de esperança a quem sofre, convidando todos a construir "uma ponte para o céu, mesmo quando ele parece mudo".
"Onde existe o mal, devemos procurar o conforto e a consolação que o vencem e não lhe dão trégua. Na Igreja, isso significa que nunca o fazemos sozinhos", concluiu.